No dia em que os Estados Unidos se recusaram a aceitar uma demanda crucial da Rússia, Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), anunciou que "volta a estender a mão" ao Kremlin, mas garantiu que a aliança militar está "preparada para o pior". O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, informou ter entregue uma carta ao governo de Vladimir Putin, na qual oferece "um canal diplomático sério se a Rússia o desejar". No entanto, negou-se a impedir a adesão da Ucrânia à Otan e a expansão da instituição rumo ao Leste Europeu. Blinken se dispôs a conversar com o chanceler russo, Serguei Lavrov, "nos próximos dias".
Ao mesmo tempo, o enviado do Kremlin a Paris, Dmitri Kozak, admitiu que os diálogos entre a Rússia e a Ucrânia "não foram simples" e continuarão em uma nova rodada dentro de duas semanas, dessa vez em Berlim. "Precisamos de uma pausa adicional. Esperamos que esse processo tenha resultados em duas semanas", acrescentou Kozak, depois de se reunir por oito horas com conselheiros diplomáticos de Ucrânia, França e Alemanha.
Em uma declaração conjunta, o chamado Quarteto da Normandia, criado em 2014 para buscar uma saída para a crise na Ucrânia, reafirmou seu apoio aos acordos de paz de Minsk "como base de trabalho" e comprometeu-se a tentar "mitigar" as divergências. "Apesar de todas as diferenças de interpretação", os participantes concordaram em que "todas as partes devem manter o cessar-fogo" no leste da Ucrânia "em virtude dos acordos", acrescentou o enviado russo.
O Ocidente acusa a Rússia de manter cerca de 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia e de planejar uma "invasão iminente" à ex-república soviética. Os Estados Unidos acreditam que um ataque deve ocorrer até meados de fevereiro. "Tudo indica" que Putin "vai usar força militar em algum momento, talvez entre agora e meados de fevereiro", declarou a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman. A número dois da diplomacia americana não sabe se o Kremlin já tomou a decisão sobre a invasão.