Ucrânia

Procuradoria ucraniana exige fiança de € 30 milhões para ex-presidente Poroshenko

A procuradoria ucraniana pediu a prisão do ex-presidente Petro Porosehnko, por suspeita de "alta traição"

A procuradoria ucraniana pediu nesta segunda-feira (17) a prisão do ex-presidente Petro Porosehnko, por suspeita de "alta traição", ou a imposição de uma fiança de cerca de 30 milhões de euros, um caso que poderia causar uma crise interna na Ucrânia, em plena tensão geopolítica com a Rússia.

Após um dia de audiência, o juiz retirou-se para deliberar à noite. As partes ainda aguardavam sua decisão após as 18h00 GMT (15h00, no horário de Brasília).

O bilionário Poroshenko, de 56 anos, opositor do presidente Voldimir Zelensky, retornou à Ucrânia pela manhã depois de um mês afastado, apesar da ameaça de prisão contra ele.

Após um breve discurso para vários milhares de seus apoiadores reunidos do lado de fora do aeroporto, Poroshenko se dirigiu a um tribunal de Kiev para uma audiência para decidir se ordenaria o ex-chefe de Estado em prisão preventiva.

Durante a sessão, a promotoria pediu ao tribunal que autorize a prisão do ex-presidente ou que imponha uma fiança de 1 bilhão de hryvnias, cerca de 30 milhões de euros, acompanhada da imposição de uma pulseira eletrônica.

Além disso, pediu aos juízes que obriguem Poroshenko a permanecer em Kiev e entregar seu passaporte.

O ex-presidente reagiu declarando-se vítima de uma "justiça sumária". "Cada palavra dos absurdos que acaba de enunciar é um crime", afirmou, dirigindo-se ao representante da procuradoria.

Acompanhado de seus advogados e vários deputados, o ex-presidente também acusou as autoridades de favorecer a Rússia com as acusações contra ele.

O inimigo "quer nos derrotar destruindo nosso país e semeando o conflito", declarou.

O principal opositor 

Milhares de partidários se reuniram em frente ao aeroporto com faixas dizendo "Precisamos de democracia" ou "O país precisa de Porokh", apelido de Poroshenko.

Poroshenko acusa seu sucessor de ter ordenado seu julgamento para "desviar a atenção" dos problemas reais do país.

O ex-presidente é o principal rival do atual presidente e um dos homens mais ricos da Ucrânia.

As autoridades suspeitam que durante sua presidência manteve ligações comerciais com os separatistas pró-russos no leste, o que constituiria um ato de "alta traição".

Este embate ocorre enquanto a Ucrânia teme uma invasão da vizinha Rússia, que há meses concentra tropas e blindados em suas fronteiras. Moscou nega qualquer plano de ofensiva militar, mas exige que americanos e europeus se comprometam a nunca aceitar a entrada da Ucrânia na Otan sob pena de retaliação.

Nesse contexto, Kiev acusou no domingo a Rússia de estar por trás de um grande ataque cibernético que teve como alvo os sites de vários ministérios na semana passada.

Poroshenko, cuja fortuna é estimada em US$ 1,6 bilhão pela revista Forbes, liderou o país de 2014 a 2019 antes de ser derrotado por Zelensky.

O ex-presidente, que agora é deputado, está envolvido em dezenas de processos judiciais. Em dezembro, as autoridades anunciaram que ele era suspeito de "alta traição".

Poroshenko rejeita as acusações e os Estados Unidos, principal aliado da Ucrânia contra a Rússia, disse que está "acompanhando de perto" o caso.

No início do mês, um tribunal de Kiev ordenou o congelamento dos bens do ex-presidente, dono de uma grande confeitaria, a Roshen, e de dois canais de televisão.

Ele é suspeito de facilitar a compra de carvão por empresas no leste da Ucrânia, controladas por separatistas pró-Rússia em guerra com Kiev.

Os eventos datam de 2014 e 2015 e representam cerca de 48 milhões de euros (54,8 milhões de dólares). O crime é punível com 15 anos de prisão.

A Ucrânia vive um conflito no leste do país desde 2014 entre forças de Kiev e separatistas pró-Rússia que deixou mais de 13.000 mortos e começou após a anexação por Moscou da península da Crimeia.

 

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