Negociação

No front da Ucrânia, negociações entre Rússia e EUA geram poucas expectativas

As forças de Kiev temem que as negociações em Genebra entre Estados Unidos e Rússia não mudem grande coisa no conflito

Na linha do front, no leste da Ucrânia, as forças de Kiev temem que as negociações que começaram nesta segunda-feira (10) em Genebra entre Estados Unidos e Rússia não mudem grande coisa no conflito com os separatistas pró-russos.

"Isso não agravará a situação [...], mas também não vai mudar política de Putin", comentou à AFP em sua trincheira Mikhailo, um soldado de 29 anos, perto da cidade de Avdiivka, na região de Donetsk.

"Considerando que a guerra no leste já dura oito anos e tendo em vista as negociações anteriores, duvido que as coisas vão mudar. Sua política não pode ser influenciada", acrescentou, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin.

Autoridades russas e americanas começaram nesta segunda-feira (10), em Genebra, uma reunião de negociações sobre a situação na Ucrânia e sobre a segurança na Europa, em um contexto de fortes tensões.

A Ucrânia e os países ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de militares e equipamentos pesados em sua fronteira com a Ucrânia, pronta para uma possível invasão, algo que o governo russo nega.

Por sua vez, o governo russo acusa a Otan de provocar as tensões atuais e exige, sobretudo, garantias jurídicas de que a Ucrânia não poderá entrar para a Aliança Atlântica no futuro.

"Garantias de uma não adesão à Otan não vão parar [Putin]", afirma Mikhailo. "Ele quer voltar para uma União Soviética 2.0", acrescenta.

No terreno, as tensões se traduzem em incessantes tiros de intimidação por parte dos separatistas, segundo os militares ucranianos.

'Provocação permanente' 

Escondido atrás de sacos de areia empilhados, um soldado observa atentamente as posições inimigas com um periscópio, enquanto dois colegas vão expandindo a trincheira com a ajuda de pás.

"O inimigo nos provoca permanentemente com disparos", principalmente de morteiro e metralhadoras, declara Dmitro, outro militar, de 29 anos e olhos azuis.

"Estamos o tempo todo preparados" para repelir eventuais ataques, acrescenta Mikhailo, o primeiro soldado, com seu capacete de camuflagem e um fuzil de assalto.

O leste da Ucrânia vive desde 2014 uma guerra entre o Exército e os separatistas, apoiados pela Rússia, embora Moscou negue essas acusações.

O conflito, que deixa mais de 13.000 mortos, começou depois que a Rússiaanexou a península da Crimeia.

Mikhailo, o soldado ucraniano, afirma que nos últimos meses os separatistas enviaram equipes "em uma escala muito maior" do que as mobilizadas até agora.

No entanto, afirma que o Exército ucraniano desta vez está "preparado". "Podemos parar o inimigo", afirma. "O mais importante é ter alguém atrás de você para fornecer apoio", completou.

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