TRAGÉDIA

Nova York: Pai tem parte do rosto queimado por salvar filha das chamas

O homem deixou o apartamento em que morava no terceiro andar após ser alertado pelo filho. Incêndio no prédio, situado no Bronx, deixou 19 mortos e 63 feridos

Mamadou Wague, de 47 anos, não poupou esforços para salvar a filha Nafisha, de 8 anos, das chamas que cobriam o colchão em que ela dormia, na manhã deste domingo (9/1) no prédio residencial que pegou fogo no Bronx, em Nova York — 63 ficaram feridos e ao menos 19 morreram. O homem foi acordado por um dos filhos, que avisou sobre o incêndio e guiou o pai para fora do apartamento da família, no terceiro andar. No caminho, Mamadou percebeu que a filha não estava com ele.

“Não pensei em nada, voltei e vi minha filha sentada na cama, gritando enquanto o fogo tomava o colchão dela. Eu apenas a agarrei e corri para fora”, contou ao The New York Times. Apenas quando todos estavam fora do prédio ele percebeu que os lábios e o nariz foram queimados pelas chamas. “Eu não pensei em nada, exceto em tirá-la de lá”, declarou.

Hame Wague, outro filho de Mamadou, de 16 anos, lembra que foram momentos de terror até a família conseguir escapar. “Estava escuro no corredor, todos estávamos tossindo”, contou.

Mamadou e a família se refugiaram embaixo de um cobertor na esquina do prédio em que moram. Ele lamentou pelos vizinhos que não conseguiram deixar o local. “Meu coração está com eles”, disse.

As chamas foram iniciadas por volta das 11h da manhã deste domingo (9/1), em um apartamento duplex no segundo e terceiro andares, e, em poucos minutos, se espalhou por toda a edificação, que conta com 120 unidades residenciais.

O comissário do Corpo de Bombeiros, Daniel Nigro, afirma que os agentes chegaram ao local em três minutos após a notificação e já encontraram as vítimas mortas “em todos os andares, com parada cardíaca e respiratória”. Nigro conta que “as condições de fumaça neste prédio eram sem precedentes”, o que pode ter causado mortes rápidas dos moradores do local.

Foram necessários 200 bombeiros da cidade de Nova York para combater as chamas e fazer o resgate das vítimas. Das 63 pessoas feridas, 32 estão com risco de vida e foram conduzidas para cinco hospitais do Bronx. Até o momento, 19 pessoas morreram, sendo nove delas crianças.

David Dee Delgado for The New York Times - Mais de 200 bombeiros participaram da operação para conter as chamas e resgatar as vítimas do incêndio


“Apenas tentamos continuar respirando”, diz morador que escapou

Wesley Petterson, 28 anos, estava no banheiro do apartamento em que mora há duas décadas, no Bronx, em Nova York, quando a namorada bateu na porta e contou que alguma coisa estava errada. Ela tinha acabado de ver uma fumaça intensa aparecer na janela da unidade deles, no terceiro andar.

Poucos minutos depois, o espaço foi tomado por fumaça intensa, provocada pelo incêndio iniciado em um duplex entre o segundo e terceiro andares do prédio residencial em que moram, no Bronx, em Nova York. Eles não sabiam, mas 19 vizinhos, pelo menos, não saíram vivos do local que chamavam de lar.

Wesley se juntou à namorada e ao irmão dela, com quem moram juntos, e se dirigiram até a janela dos fundos. “Estávamos apenas tentando respirar”, lembra. Ao chegar no local, ele tentou abrir a janela, mas o calor do incêndio superaqueceu a moldura e ele queimou as mãos. Mesmo machucado, conseguiu abrir a janela e avistou bombeiros que ajudavam uma família no apartamento ao lado.

“Eu estava gritando ‘Por favor, me ajude! Por favor, venha nos buscar!. Foi a situação mais crítica que já passei na minha vida”, contou ao The New York Times. Em meio aos gritos, ele tinha que fechar a janela para evitar que mais fumaça entrasse no apartamento deles.

“Muitos pensamentos surgiram em minha mente. Eu estava pensando no meu filho e me perguntando se algum dia o veria novamente”, revelou, impactado. O trio tentou sair pela porta da frente de casa, porque os Bombeiros não conseguiram chegar até eles, mas ao abrirem a porta, mais fumaça entrou no local.

Vinte minutos depois, os três foram resgatados por uma das janelas do apartamento. “Estou feliz por termos saído em segurança, mas ainda não consigo acreditar no que aconteceu”, disse.

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