UCRÂNIA

Sem militares da Otan

Correio Braziliense
postado em 31/01/2022 00:01

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, descartou, ontem, a possibilidade de enviar tropas de combate à Ucrânia, em caso da invasão da Rússia. Em entrevista à rede britânica BBC, ele classificou a Ucrânia como "um aliado". Assinalou, contudo, que o país não é parte da aliança. Na véspera, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou a intenção de propor à Otan uma mobilização militar para responder ao aumento da "hostilidade russa".

Segundo Stoltenberg, a organização está concentrada em apoiar a Ucrânia em sua "autodefesa". Além disso, lembrou que os membros da organização já deixaram claro à Rússia que haverá sanções pesadas em caso de invasão do território ucraniano. O secretário-geral disse ainda que a Otan busca uma "abordagem equilibrada", deixando claro que poderá haverá sanções, mas almejando uma solução política para a crise, evitando, assim, uma ação militar.

Ontem, Estados Unidos e Reino Unido ameaçaram a Rússia com novas medidas punitivas, ao mesmo tempo em que foram intensificados os esforços diplomáticos para evitar o conflito. "Vamos anunciar no fim da semana uma melhora na legislação de sanções para que possamos atingir um amplo espectro de interesses russos de importância para o Kremlin", explicou a chanceler britânica, Liz Truss, à emissora Sky News.

Em Washington, congressistas afirmaram que estão próximos de um acordo sobre um projeto de lei que prevê duras penalidades ao Kremlin. O influente senador democrata Bob Menéndez prometeu, em declarações à emissora CNN, "consequências graves" para Moscou se a Ucrânia for invadida. O republicano, Jim Risch, por sua vez falou de um "preço devastador" para o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Num momento de tensão máxima, Londres e Washington cogitam que as punições passem pelo gasoduto estratégico Nord Stream 2, entre a Rússia e a Alemanha, ou o acesso de Moscou a transações em dólares, principal moeda do comércio internacional. Diante dessas novas ameaças, Moscou exigiu ser tratado em igualdade de condições por Washington.

"Queremos relações boas, equitativas, de respeito mútuo com os Estados Unidos, como com todos os países do mundo", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov. Ele assinalou que Moscou "não quer permanecer em uma posição" na qual sua segurança "seja violada diariamente", como aconteceria se a Ucrânia fosse incorporada à Otan. Por fim, disse que o Kremlin continuará buscando "garantias juridicamente vinculantes" que levem em consideração os "interesses legítimos" dos russos.

Diante da gravidade do cenário, a Ucrânia pediu a Moscou que retire suas tropas mobilizadas ao longo da fronteira entre os dois países e que continue o diálogo com os ocidentais, se quiser "a sério" uma desescalada das tensões.

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