Berlin, Alemanha - O Ministério Público de Munique anunciou, nesta sexta-feira (21), que está investigando possíveis responsabilidades de 42 clérigos em casos de abusos sexuais contra menores na Alemanha, um dia depois da publicação de um relatório que acusa de inação altos cargos da Igreja, incluindo o papa emérito Bento XVI.
O escritório de advocacia Westpfahl Spilker Wastl (WSW), autor do relatório encomendado pela Igreja Católica, "colocou à disposição" do MP em agosto de 2021 informações sobre supostas faltas de 41 responsáveis eclesiásticos, declarou à AFP uma porta-voz do MP, Anne Leiding. Em novembro foi apresentado outro caso.
"Esses casos fazem parte do relatório e se referem exclusivamente a responsáveis eclesiásticos vivos e foram transferidos [ao MP] sob o estrito anonimato das pessoas em questão", disse.
Se após analisar os casos, o MP considerou que entram no âmbito do direito penal e pedirá informações adicionais ao escritório de advocacia, informou.
Os autores do relatório denunciaram na quinta-feira o encobrimento sistemático e "assustador" dos casos de abusos a menores entre 1945 e 2019 na arquidiocese de Munique e Freising, e culpam seus líderes da época, incluindo o atual papa emérito Bento XVI, de não ter feito nada em vários casos para evitar os abusos às crianças.
Joseph Ratzinger foi acusado, antes de se tornar papa, de não ter tomado nenhuma medida para afastar quatro clérigos suspeitos de abusos sexuais contra menores nesta arquidiocese, que dirigiu entre 1977 e 1982.
A partir dos arquivos e depoimentos disponíveis, os advogados identificaram um total de 497 vítimas entre 1945 e 2019, em sua maioria crianças e adolescentes, e 235 supostos agressores, principalmente padres.
O relatório dos advogados de Munique "mostra clara e escandalosamente, mais uma vez, a magnitude dos abusos e violações do dever por parte dos dignatários da igreja", disse nesta sexta-feira Christiane Hoffmann, porta-voz do chanceler Olaf Scholz.
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