Reino Unido

Boris Johnson enfrenta deserção e nega renúncia

Rodrigo Craveiro
postado em 20/01/2022 06:00
 (crédito: PRU/AFP)
(crédito: PRU/AFP)

Um chefe de governo acuado e sob intensa pressão do Parlamento para que renuncie ao cargo imediatamente. "Em nome de Deus, vá embora", gritou o parlamentar David Davis, ex-ministro para o Brexit e membro do Partido Conservador, o mesmo de Boris Johnson, durante uma sabatina caótica na Câmara dos Comuns, em Londres. O ponto crítico do dia, no entanto, foi a deserção do também conservador Christian Wakeford. Minutos antes do começo da inquisição, o legislador abandonou as fileiras do partido governista e se afiliou ao Partido Trabalhista (oposição).

Foi um gesto simbólico de protesto contra Johnson, imerso em um escândalo por ter participado de uma festa nos jardins de Downing Street (residência oficial), em 20 de maio de 2020, enquanto o Reino Unido cumpria com um lockdown para reduzir a velocidade de transmissão do coronavírus. 

"Você e o Partido Conservador se mostraram incapazes de mostrar a liderança e o governo que este país merece", disse Wakeford, em uma mensagem lida por um colega. De acordo com a emissora britânica BBC, o limite de 54 parlamentares conservadores rebeldes — necessário para desencadear um voto de desconfiança — pode ser atingido a qualquer momento. Neste caso, os 54 deputados têm que enviar uma carta ao chamado "Comitê de 1922" solicitando a votação.

Por sua vez, David Davis enviou um recado ao premiê: "Espero que meus líderes assumam a responsabilidade pelas ações que tomam". Durante a sessão de ontem do Parlamento, cinco pedidos de renúncia foram oficializados. Mais uma vez, Johnson descartou a renúncia e defendeu sua gestão e a resposta à pandemia da covid-19. 

Andrew Blick, diretor do Departamento de Economia Política do King's College London, afirmou ao Correio que a reputação de Boris Johnson está arranhada. "No entanto, mesmo que fique provado que ele mentiu sobre as festas e mesmo que não renuncie (o que poderá fazer), a destituição do premiê não será uma tarefa simples. O mecanismo mais provável é um voto de desconfiança entre os conservadores. Para os parlamentares, isso parece uma ação cada vez mais plausível." 

 

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