Acusações

China nega acusações de tentar endividar a África

Ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi disse que a China não está endividando a África, durante uma viagem ao Quênia

Agence France-Presse
postado em 06/01/2022 19:31 / atualizado em 06/01/2022 19:32
Ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi -  (crédito: JADE GAO)
Ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi - (crédito: JADE GAO)

A China não está endividando a África, disse o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, no Quênia, durante uma viagem regional que inclui visitas a vários projetos de infraestrutura financiados por seu país.

Em Mombaça, no Quênia, onde a China está financiando a construção de um novo terminal no maior porto da África Oriental, Wang disse que os empréstimos para esses projetos são "mutuamente benéficos", rejeitando a ideia de uma armadilha.

A pressão por meio de empréstimos "é uma narrativa criada por aqueles que não querem ver a África se desenvolver", disse ele a repórteres. "Se há uma armadilha é a pobreza e o subdesenvolvimento", frisou.

A visita de Wang ocorre depois que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitou o continente em novembro, em uma viagem destinada, em parte, a conter a crescente influência de Pequim no continente.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, destacou a "cooperação" oferecida pelos Estados Unidos aos países da África, "com base em oportunidades e respeito mútuos".

Segundo Price, a política comercial americana é diferente da chinesa. "Não pedimos a nossos parceiros que escolham entre os Estados Unidos ou outros países, entre eles a República Popular da China. Não queremos obrigá-los a escolher, mas oferecer opções", disse o porta-voz aos jornalistas.

A China é o maior parceiro comercial da África, com comércio direto de mais de US$ 200 bilhões em 2019, de acordo com dados oficiais chineses.

Mas a China é frequentemente acusada de usar sua condição de credora para obter concessões diplomáticas e comerciais.

Rotas da Seda 

A China se tornou o segundo maior credor do Quênia, depois do Banco Mundial, e financiou caros projetos de infraestrutura em um país onde o endividamento disparou nos últimos anos.

Em Mombaça, a construção do novo terminal representa um investimento de 353 milhões de dólares.

Pequim também financiou a infraestrutura mais cara desde a independência do Quênia, uma linha de trem de US$ 5 bilhões.

Durante uma visita ao Quênia em janeiro de 2020, Wang descreveu a linha como uma "referência" para as Novas Rotas da Seda, uma iniciativa chinesa que financia projetos de infraestrutura.

O analista econômico e geopolítico Alikhan Satchu disse à AFP que o Quênia está submetido a altas taxas de juros para financiar investimentos que "não gerarão retornos no futuro próximo".

O ministro chinês se reuniu com vários ministros do país africano nesta quinta-feira e assinou acordos de comércio, saúde, segurança e transferência de tecnologia verde. Ele também está planejando conversas com o presidente Uhuru Kenyatta.

"A visita é uma prova do aprofundamento das relações bilaterais", disse a ministra das Relações Exteriores do Quênia, Raychelle Omamo.

Wang anunciou ainda a nomeação de um enviado especial da China para o Chifre da África, marcando a vontade do seu país de se envolver diplomaticamente nesta região, que fica muito próxima da Península Arábica e é cenário de diversos conflitos.

"Continuaremos a desempenhar um papel ainda mais importante na manutenção da paz e estabilidade na região", disse Wang em mandarim, traduzido por um intérprete.

O anúncio coincidiu com a chegada do enviado especial dos Estados Unidos ao Chifre da África, Jeffrey Feltman, que deve viajar para a Etiópia nesta quinta-feira, país vizinho do Quênia e abalado há mais de um ano pela guerra entre o Exército federal e os rebeldes da região do Tigré.

 

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