EUA

Mais dividido do que nunca, EUA se dispõe a relembrar ataque ao Capitólio

Um Estados Unidos profundamente dividido recordará o aniversário de um ano da invasão do Capitólio

Agence France-Presse
postado em 05/01/2022 16:44 / atualizado em 05/01/2022 16:44
Invasão Capitólio em 6 de janeiro de 2021 -  (crédito: Saul LOEB / AFP)
Invasão Capitólio em 6 de janeiro de 2021 - (crédito: Saul LOEB / AFP)

Um Estados Unidos profundamente dividido recordará na quinta-feira (6) o aniversário de um ano da invasão do Capitólio, com os democratas insistindo que as instituições do país são sólidas, apesar da ira e das teorias conspiratórias que fomentaram a invasão continuarem prosperando.

O secretário de Justiça, Merrick Garland, fará um balanço nesta quarta-feira (5) da investigação criminal sobre os partidários do ex-presidente republicano Donald Trump que, há um ano, tentaram impedir que os congressistas americanos certificassem a vitória de Joe Biden nas eleições.

O FBI, a polícia federal investigativa dos EUA, estima que pelo menos 2.000 pessoas estiveram envolvidas na ação, das quais 225 foram denunciadas por atos violentos.

O chefe da Polícia do Capitólio, Tom Manger, que assumiu o cargo depois do ataque, testemunhou nesta quarta diante de uma comissão do Senado.

"O dia 6 de janeiro lançou luz sobre falhas operacionais muito importantes", reconheceu Manger, segundo a versão escrita de seu testemunho, publicada pelo Senado."É preciso solucionar esses problemas, e é o que estamos fazendo", acrescentou.

O objetivo da Polícia do Capitólio e do governo é tranquilizar, mostrar que as instituições americanas aprenderam as lições dos violentos enfrentamentos com as forças de segurança e da irrupção sem precedentes dos simpatizantes de Trump, que vagaram pelos corredores do Congresso e, inclusive, se atreveram a entrar nos gabinetes dos legisladores.

Nesse mesmo Capitólio, o presidente Biden lembrará na quinta-feira que a democracia americana continua sendo frágil, em um discurso ao lado da vice-presidente Kamala Harris.

"[Biden] falará do trabalho que precisa ser feito para proteger e fortalecer nossa democracia e nossas instituições, para rechaçar o ódio e as mentiras que vimos em 6 de janeiro, para unir o país", disse ontem a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

"O dia 6 de janeiro não foi a ação irracional e espontânea de uma multidão violenta. Foi uma tentativa de reverter violentamente o resultado de uma eleição livre e justa. Não nos deixemos enganar, as razões que provocaram o dia 6 de janeiro ainda existem", afirmou hoje o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer.

"Se não abordarmos as raízes dessa violência, essa insurreição não ficará como uma aberração, mas se converterá na regra", advertiu o senador.

 Trump muda seus planos 

O ex-presidente Trump decidiu finalmente cancelar a entrevista coletiva que estava prevista para amanhã na Flórida, considerada uma provocação pelos democratas e que colocaria os republicanos em uma saia justa.

Contudo, o irascível magnata não suavizou em nada o seu discurso. Em um comunicado publicado ontem, Trump classificou novamente a eleição presidencial de "fraude", mas sem apresentar provas. "O crime do século", escreveu ele sobre as eleições.

Apesar de Trump ter renunciado ao protagonismo no dia do aniversário da invasão, retomará o tema em um comício programado no Arizona em 15 de janeiro, já que, apesar de ter perdido por uma diferença de mais de 7 milhões de votos, insiste em se proclamar como o verdadeiro ganhador em 2020.

Essa afirmação é apenas o elemento mais incendiário de um discurso de ataque contra Biden em todos os aspectos, desde a sua política migratória até a forma de lutar contra a pandemia de covid-19, que parece ser uma aposta - ainda não declarada - para recuperar o poder em 2024.

Por sua vez, os republicanos, sobre os quais o ex-presidente continua tendo muita influência, parecem preferir ficar longe dos holofotes.

Em uma mensagem datada de 2 de janeiro, Kevin McCarthy, o líder da minoria republicana na Câmara dos Representantes, que forma o Congresso dos Estados Unidos junto com o Senado, escreveu que "as ações daquele dia [6 de janeiro] foram ilegais".

O republicano, no entanto, também criticou os democratas, que - segundo ele - estão utilizando o ocorrido naquele dia "como arma partidária para dividir o país".

Mitch McConnell, líder dos republicanos no Senado, já adiantou que não estará presente no evento desta quinta-feira em Washington. Ele comparecerá ao funeral de um ex-senador em Atlanta, no sul do país e longe do Capitólio.

 

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