No topo de uma colina sagrada de Lima, xamãs peruanos munidos com folhas de coca, espadas e vasos de cerâmica com fogo previram que Rússia e Estados Unidos solucionarão seus conflitos e que a pandemia continuará com novas variantes.
Vestidos com trajes tradicionais, indígenas andinos, da floresta e do litoral do Peru, rezaram na quarta-feira (29) ao 'Tayta Inti' (Pai Sol) e à 'Pachamama' (Mãe Terra) com imagens do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da Rússia, Vladimir Putin, e do ucraniano Volodimir Zelensky.
"Vimos que a invasão da Rússia na Ucrânia não vai acontecer porque haverá um diálogo com os Estados Unidos que dará bons resultados", disse à AFP o xamã Walter Alarcón, presidente da Organização de Xamãs do Peru.
Um dos xamãs soprou uma concha como se fosse um trompete, o que iniciou a cerimônia matinal neste "apu" (santuário) localizado acima das nuvens que cobrem Lima.
No ritual, os curandeiros também colocam sobre pedras as fotos do presidente venezuelano Nicolás Maduro, do mexicano Andrés López Obrador e do chileno Sebastián Piñera.
Além disso, usam a imagem da seleção peruana de futebol para enviar boas vibrações nas classificatórias sul-americanas para a Copa de Catar 2022.
Os xamãs manifestaram que durante seu sarau noturno beberam ayahuasca, uma bebida tradicional da Amazônia extraída de uma videira de mesmo nome, também conhecida como "corda dos espíritos", que produz efeitos alucinógenos.
"Vimos que a transferência de comando de Piñera para Boric de tendência esquerdista será muito boa. Haverá divergências, mas no final o governo se manterá no Chile", manifestou Alarcón.
"Maduro seguirá governando, mas por pouco tempo. López Obrador vai entrar na história pela sua forma de governar", acrescentou.
Os xamãs previram que no próximo ano a tendência dos países da América Latina será eleger candidatos de esquerda.
"Todos serão esquerdistas aqui, agora vai entrar o irmão Lula do Brasil", declarou o xamã Félix Roldan.
A curandeira Ana María Simeón afirmou que o presidente peruano Pedro Castillo, que tomou posse em 28 de julho, não continuará no cargo por traições de pessoas próximas a ele.
"Ele se encontrará na necessidade de sair. As coisas não são boas para o presidente, muitos vão trai-lo. Não terminaremos o governo com ele", indicou Simeón, vestida de branco e com chapéu andino.
Simeón afirmou que em 2022 surgirão novas variantes da covid-19, mas não serão tão letais.