Pandemia

'Tsunami' de covid-19 ameaça causar caos na saúde de vários países

França e Estados Unidos registram, respectivamente, 208 mil casos diários e média móvel de 265 mil novos contágios em 24 horas. OMS vê risco de colapso no sistema sanitário e cita "pressão imensa" sobre médicos. Número global se mantém perto de 1 milhão

No dia em que a França e os EUA bateram recordes de infecções pelo Sars-Cov-2 — respectivamente, 208 mil casos diários e uma média semanal de 265,4 mil novos contágios a cada 24 horas —, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu que a cepa ômicron representa um "risco muito elevado", usou o termo "tsunami" para se referir à covid-19 e alertou sobre o colapso do sistema sanitário.

"Estou extremamente preocupado que a ômicron, por ser mais transmissível e por circular ao mesmo tempo que a (variante) delta, esteja causando um tsunami de casos. Isso está colocando e continuará a exercer uma pressão imensa sobre os profissionais de saúde exaustos, e os sistemas de saúde estão à beira do colapso", declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. 

Segundo um balanço da agência internacional de notícia France-Presse, produzido com base em informações oficiais, uma média de 935.863 diagnósticos positivos diários para covid-19 foi feita durante a última semana. Um indicativo de que o Sars-CoV-2 circula a uma velocidade sem precedentes.

A cada segundo, dois cidadãos testam positivo para a covid-19 na França, um ritmo de contágio que surpreende infectologistas. A Dinamarca apresenta o maior número de casos novos em comparação com a população, de 5,9 milhões de habitantes: ontem, superou o recorde absoluto, com 23.228 infecções em 24 horas. Isso quer dizer que um em cada sete cidadãos teve covid-19 em algum momento da pandemia — mais de um em 60 habitantes apresentaram resultado positivo na semana passada.

Na Espanha, o número de casos chegou, ontem, a 100.760, também o maior registrado desde o início da pandemia. As autoridades de Madri anunciaram a redução do tempo de quarentena para os infectados que não apresentarem sintomas e para os contatos não vacinados: de 10 para sete dias. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson visitou um centro de imunização montado no câmpus da Open University, em Milton Keynes. Anteontem, a Inglaterra e o País de Gales contabilizaram 130 mil novas infecções.

Uma campanha maciça de vacinação de reforço aplicou doses suplementares a 57% dos britânicos maiores de 12 anos. De acordo com Johnson, 90% dos pacientes com covid-19 internados em unidades de terapia intensiva não receberam a terceira dose.

Problemas

Professor de medicina da Universidade Johns Hopkins e da Universidade Georgetown e especialista em direito de saúde pública, Lawrence Gostin afirmou ao Correio que concorda com o alerta da OMS. "Mesmo que a ômicron  provoque quadros menos graves da covid-19, o grande volume de casos criará imensos problemas aos sistemas de saúde em todo o mundo — principalmente em países de baixa e média renda. Devemos nos preparar para uma onda de hospitalizações e de mortes."

De acordo com Gostin, o mundo tem motivos para preocupação com o atual cenário da pandemia. "A ômicron é a cepa mais eficiente do planeta e se dissemina rapidamente. Eventualmente, quase todo mundo será infectado pela covid-19. O que precisamos fazer é prevenir as hospitalizações. A melhor forma é vacinar a população mundial, e logo."

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