Guatemala

Indígenas e governo alcançam acordo para resolver violento conflito na Guatemala

Centenas de indígenas da Guatemala bloquearam uma rodovia pós chegarem em um acordo sobre um conflito fronteiriço que já provocou a morte de 13 pessoas

Centenas de indígenas da Guatemala bloquearam nesta nesta terça-feira (21) uma rodovia principal no oeste do país, após chegarem a um acordo com o governo para iniciar um diálogo em janeiro para resolver um conflito fronteiriço entre dois municípios que provocou a morte de 13 pessoas no fim de semana.

"Terá início na primeira quinzena de janeiro uma mesa de diálogo, onde vai se tratar do assunto do limite" com o povoado vizinho de Nahualá, disse à AFP Mateo Tzep, de 42 anos, líder comunitário de Santa Catarina Ixtahuacán.

O acordo foi alcanãdo depois de líderes se reuniram com autoridades do governo na capital.

Com pedras, pneus, galhos de árvores e blocos de concreto, os manifestantes do município de Santa Catarina Ixtahuacán fecharam a rodovia Interamericana no quilômetro 170, no oeste do país, desafiando um estado de sítio que o presidente Alejandro Giammattei impôs aos dois municípios após o massacre.

Nesta terça, a via, uma das principais do país, esteve bloqueada por sete horas.

Nesse mesmo local, manifestantes e familiares velaram na segunda-feira 11 das vítimas, cujos caixões permaneceram durante horas enfileirados sobre a rodovia, no meio de um altar com flores, velas, fumaça de incenso e fotografias das 13 pessoas assassinadas, entre as quais havia crianças, mulheres e idosos.

Santa Catarina Ixtahuacán e Nahualá mantêm um conflito que já tem mais de um século pelos limites entre ambas as localidades da mesma etnia maia, uma disputa que já resultou em diversos episódios de violência.

A solução do conflito "é o que Santa Catarina Ixtahuacán tenta para que os dois povoados fiquemos em paz", acrescentou Txep.

Na noite de sábado, a polícia informou sobre o assassinato de 13 pessoas, entre elas três crianças que eram irmãos, a localização de um caminhão parcialmente incendiado e uma viatura com perfurações de bala no vilarejo de Chiquix, em Nahualá.

As vítimas, originárias de Santa Catarina Ixtahuacán, que se dirigiam para coletar milho, foram alvo de uma emboscada cometida por homens armados. Três indivíduos supostamente responsáveis pela chacina foram detidos.

"A população quer paz, tranquilidade e uma solução imediata", disse à AFP o líder comunitário Francisco Tambriz, de 51 anos.

Em maio do ano passado, após uma nova escalada de violência na região, Giammattei implementou o estado de sítio e instalou uma mesa de diálogo, mas os moradores de Santa Catarina Ixtahuacán a classificaram como um "fracasso" por não resolver o problema fronteiriço.

As comunidades indígenas, muitas das quais vivem em condições de pobreza, representam mais de 40% dos 17 milhões de habitantes da Guatemala.

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