O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, vive um inferno astral nos estertores de 2021. Além de enfrentar uma rebelião dentro do próprio Partido Conservador e de participar de uma festa durante o lockdown, o chefe de governo britânico sofreu um duro revés na eleição parcial ocorrida na circunscrição rural de North Shropshire. Ontem, Johnson afirmou que assume a "responsabilidade" pela derrota na eleição local, o que enfraquece ainda mais sua posição no momento em que o país enfrenta o aumento de casos da covid-19. Ontem, o Reino Unido registrou 94.045 novas infecções, um recorde desde o início da pandemia do cororonavírus.
Até recentemente, Johnson tinha uma grande popularidade, mas atualmente é questionado por sua própria bancada no Parlamento após vários escândalos, inflação galopante e o aumento exponencial dos casos de covid-19 pela variante ômicron. A derrota em North Shropshire foi o mais recente capítulo da crise de liderança do premiê. Sempre controlada pelos conservadores, a circunscrição passou para o Partido Liberal-Democrata, que recebeu 47% dos votos.
Helen Morgan, a candidata vencedora, afirmou que os eleitores enviaram uma mensagem "alta e clara" a Johnson de que "o jogo acabou". "Seu governo, dirigido pelas mentiras e fanfarronices, terá que prestar contas", disse. O primeiro-ministro reagiu e disse que "com toda humildade" deve "aceitar o veredicto". "Sou responsável por tudo que o governo faz e, com certeza, assumo a responsabilidade pessoal", disse Johnson. "Entendo perfeitamente por que as pessoas estão frustradas", acrescentou.
O revés eleitoral sofrido pelo líder conservador, de 57 anos, reflete a irritação popular, de acordo com integrantes do próprio Partido Conservador. "Os eleitores de North Shropshire se cansaram", admitiu o presidente do Partido Conservador, Oliver Dowden. "Penso que queriam enviar uma mensagem (...) e entendemos", acrescentou.
O jornal conservador The Daily Telegraph afirma que a derrota do Partido Conservador em uma circunscrição que controlou por quase 200 anos é uma "humilhação" para o primeiro-ministro. Ao mesmo tempo, o jornal de esquerda The Guardian destaca que "o calamitoso colapso do apoio aos conservadores (...) assustará muitos deputados conservadores e é provável que provoque perguntas sobre o futuro de Johnson".
Saiba Mais
Moção de censura
Embora poucos representantes tenham expressado apoio à medida até agora, a possibilidade de uma moção de censura contra o premiê não é mais um tabu. De fato, alguns nomes começaram a ser mencionados como eventuais sucessores de Boris Johnson, incluindo a ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak. Além do revés eleitoral, o primeiro-ministro foi afetado por uma série de escândalos.
Sua popularidade desabou após a revelação de uma série de festas em Downing Street, sede do governo, durante o inverno (hemisfério norte) de 2020, quando os britânicos deveriam respeitar as restrições contra a covid-19. Ontem, a mídia britânica afirmou que o oficial encarregado de uma investigação interna sobre as reuniões de Natal, Simon Case, havia participado de outra dentro de seu próprio serviço.