Os serviços de emergência continuam buscando, neste domingo (12/12), sobreviventes dos tornados que devastaram o centro e o sul dos Estados Unidos na sexta-feira e no sábado, deixando ao menos 83 mortos.
Dezenas de pessoas morreram em seis estados e escombros e prédios destruídos são vistos por todos os cantos, em "uma das piores séries de tornados" da história do país, disse o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, que classificou a devastação como "tragédia inimaginável".
Até momento foram registradas 83 mortes, mas esse número pode aumentar. "Ainda não sabemos quantas vidas foram perdidas nem o alcance dos danos", disse Biden na televisão nacional.
As agências federais de resposta a catástrofes começaram a se mobilizar na região, segundo Biden, que prometeu que "o governo federal fará tudo o que puder para ajudar".
Kentucky, no centro-leste do país, sofreu especialmente com este violento fenômeno meteorológico, que afetou sobretudo as vastas planícies americanas, com colunas pretas que varreram o solo, iluminadas por relâmpagos intermitentes.
Após anunciar "ao menos 70 mortos" em seu estado, o governador Andy Beshear disse que o número de vítimas mortais poderia superar cem e inclusive que este "número poderia aumentar consideravelmente" e fez um apelo aos moradores para que doem sangue aos feridos. "A devastação é incomparável com tudo o que já vi na minha vida e mal consigo encontrar palavras para descrevê-la", acrescentou.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou neste domingo suas "sinceras condolências" a Biden. "A Rússia compartilha da dor daqueles que perderam seus entes queridos por conta deste desastre. Esperamos que as vítimas se recuperem e que as consequências deste desastre possam ser superadas rapidamente", disse Putin em um telegrama destinado a Biden, informou o Kremlin.
"Um monte de fósforos"
Mayfield, uma cidade de 10 mil habitantes, esteve no epicentro do desastre. O coração da cidade parece "um monte de fósforos", disse a prefeita Kathy O'Nan à CNN. "As igrejas do centro foram destruídas e o palácio da Justiça, no coração da cidade, também", acrescentou.
"É como se uma bomba tivesse explodido no nosso bairro", disse à AFP Alex Goodman, morador de Mayfield, após uma noite de muita angústia e ansiedade em meio à escuridão.
Em toda a cidade, os prédios foram arrancados, os metais retorcidos, os veículos capotaram e as árvores e tijolos estão espalhados pelas ruas. Em um estacionamento do centro, voluntários coletavam itens de primeira necessidade para as famílias afetadas, segundo um jornalista da AFP, enquanto as redes de água e eletricidade não funcionam mais.
Os funcionários de uma fábrica de velas ficaram presos depois que o teto desabou devido aos fortes ventos. No momento, 110 pessoas estavam presentes quando aconteceu a tempestade e cerca de 40 foram resgatadas.
Kentucky foi varrido ao longo de mais de 200 milhas (320 quilômetros) por um dos maiores tornados já registrados nos Estados Unidos, segundo seu governador. O maior, com uma extensão de 219 milhas, ocorreu em 1925 em Missouri e matou 695 pessoas.
Tragédia em depósito da Amazon
Cerca de trinta dessas tempestades atingiram o país entre sexta-feira e sábado. Fora de Kentucky, foram registradas ao menos 13 mortes, seis delas em Illinois. As seis vítimas trabalhavam de noite em um depósito da Amazon, cujo teto desabou. Das aproximadamente 100 pessoas presentes, apenas 45 conseguiram sair, segundo os bombeiros. As equipes de resgate continuam as tarefas de busca neste domingo.
"Estamos de coração partido pela perda dos nossos colegas. Nossos pensamentos e orações estão com suas famílias e entes queridos", disse o chefe da Amazon, Jeff Bezos, no Twitter. O Tennessee informou quatro mortes e duas pessoas morreram em Arkansas, enquanto foi informada ao menos uma morte em Missouri.
O presidente Biden destacou que os fenômenos meteorológicos estão "mais intensos" com o aquecimento global, mas não estabeleceu uma relação causal direta entre a mudança climática e a catástrofe que mergulhou seu país no luto.