Diplomacia

Países nórdicos expõem interesses no Brasil

Representantes da Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia recebem a imprensa e detalham os principais pontos de parceria com o governo brasileiro nas áreas da tecnologia e do meio ambiente

Embaixadores e encarregados de negócios dos países nórdicos — Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia — receberam a imprensa para um almoço, nesta quarta-feira (8/12), na Embaixada da Dinamarca, em Brasília. O evento foi oferecido em homenagem à Associação Brasileira de Jornalistas e Comunicadores da Área Internacional e Diplomática (Abrajinter). 

Em entrevista ao Correio, o anfitrião do evento, Nicolai Prytz,  embaixador da Dinamarca no Brasil, explicou que Copenhague e Brasília cooperam em várias áreas. "Na terça-feira, assinamos com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, um acordo para a criação de um marco regulatório na área de energia offshore (ultramar) e no processamento de resíduos sólidos. Na semana passada, houve uma comitiva brasileira que visitou instalações offshore na Dinamarca. Será uma cooperação que se estenderá por muito tempo. O Brasil busca a diversificação energética e tem ótimas condições para esse tipo de energia eólica offshore. Falta um marco regulatório. Sem ele, não teremos investidores aqui no Brasil", disse Prytz.

O dinamarquês também citou uma parceira entre seu país e o Ministério da Economia brasileiro na digitalização dos serviços governamentais. "Começamos este trabalho de digitalização há 15 anos. Cometemos alguns erros pelo caminho. Mas queremos dividir nossas experiências com o Brasil. Na Dinamarca, todos os cidadãos e todas as empresas têm uma caixa digital única, com todas as informações. Também temos uma assinatura digital única. Eu nem me lembro da última vez que foi a um prédio público ou a um banco na Dinamarca", afirmou.

O embaixador acrescenta que o processo se centra em três objetivos: prestar o melhor serviço para cidadãos e empresas; economia e desburocratização; e pôr fim à corrupção. "Quando você começa a digitalizar esses processos, você reduz o espaço para a corrupção", exemplificou. Dinamarca e Brasil também mantêm uma parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que os brasileiros tenham acesso aos melhores medicamentos, da melhor forma possível. Outra área envolve a tecnologia de informação no campo da saúde. "Nossa intenção é, mais do que tudo, informar e inspirar os nossos profissionais na Dinamarca sobre a problemática no Brasil. O Brasil tem que buscar suas próprias soluções."

Durante o almoço, o embaixador finlandês Jouko Leinonen abordou a questão da tecnologia 5G e destacou que suas possibilidades são muito além do que se conhece hoje. O finlandês comentou que seu governo tem valorizado a questão da bioeconomia. "Temos uma das maiores indústrias do mundo na bioeconomia. Pelo menos 75% do território finlandês são formados por florestas. Queremos gerar economia sem derrubar florestas", explicou. "Queremos trabalhar com o Brasil na indústria da biocelulose." Recentemente, os governos nórdicos organizaram o evento Amazônia In Loco. "O objetivo foi mostrar que as companhias nórdicas podem fazer mais no Brasil para preservar florestas e desenvolver a Amazônia", disse.

Por sua vez, o embaixador da Noruega, Odd Magne Ruud, destacou que empresas do país estão em 86 cidades brasileiras e investem US$ 82,5 bilhões, principalmente nos campos da energia renovável e do reflorestamento. "As nossas empresas estão comprometidas com commodities desvinculadas com o desmatamento", explicou Ruud. O encarregado de negócios da Suécia, Sten Egdahl, destacou a política de equidade de gêneros. "Doze dos 23 ministros suecos são mulheres. Quase metade dos parlamentares também são mulheres", declarou. Ele ressaltou também que a licença parental é um direito não apenas dos pais, mas também das crianças.

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