Boicote

Reino Unido se une ao boicote diplomático dos EUA e Austrália aos Jogos de Pequim

O Reino Unido se juntou aos Estados Unidos e Austrália em um "boicote diplomático" aos Jogos Olímpicos de inverno em Pequim

O Reino Unido se juntou, nesta quarta-feira (8), aos Estados Unidos e Austrália em um "boicote diplomático" aos Jogos Olímpicos de inverno em Pequim, um novo revés para o governo chinês, atacado pelos ocidentais por violar os direitos humanos.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou nesta quarta-feira na sessão semanal de perguntas no Parlamento que "efetivamente haverá um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de inverno de Pequim".

No entanto, destacou que os atletas britânicos irão ao encontro, que começa em 4 de fevereiro, afirmando que "o Reino Unido não apoia os boicotes esportivos". Por outro lado, nenhum de seus ministros planeja comparecer.

Os pontos de tensão entre Londres e Pequim são muitos, desde a situação dos direitos humanos na região de Xinjiang - berço da minoria muçulmana uiguir no noroeste do país -, o retrocesso das liberdades na ex-colônia britância de Hong Kong e a exclusão da gigante chinesa Huawei da rede de telecomunicações britânica de 5G.

Johnson afirmou aos deputados que fala com frequência com representantes do governo chinês sobre a questão dos direitos humanos, no centro da decisão dos países ocidentais.

Pequim não reagiu até o momento ao anúncio britânico, mas expressou anteriormente sua indignação com a decisão dos Estados Unidos e desprezo quando as autoridades australianas se juntaram nesta quarta-feira.


 "Estados Unidos vão pagar" 

O governo australiano se uniu à iniciativa dois dias depois de Washington, alegando uma série de divergências com Pequim e a situação dos direitos humanos no país comunista.

"A Austrália não se desviará de uma posição forte na defesa dos interesses da Austrália e, obviamente, não é surpresa que não enviaremos representantes australianos para estes Jogos", disse o primeiro-ministro Scott Morrison.

Ao ser questionado sobre o tema, um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que seu país nunca teve a intenção de convidar as autoridades australianas.

"Ninguém se importa se eles vêm ou não", disse Wang. "Suas manobras políticas e pequenos truques não vão mudar em nada o sucesso dos Jogos Olímpicos", acrescentou.

A Austrália, assim como o Reino Unido, busca legislar contra a influência estrangeira para vetar a Huawei dos contratos de 5G e pediu uma investigação independente sobre a origem da pandemia do coronavírus.

Recentemente, assinou uma importante aliança militar com os Estados Unidos e o Reino Unido, que proporcionará ao país submarinos americanos de propulsão nuclear.

Como no caso britânico, o boicote diplomático não impede a participação dos atletas americanos e australianos.

Ainda assim, a decisão americana irritou Pequim. "Os Estados Unidos vão pagar o preço por suas decisões equivocadas", disse o porta-voz diplomático da China, Zhao Lijan, na terça-feira.

 

 "Um passo crucial" 

A diretora da Human Rights Watch na China, Sophie Richardson, celebrou o boicote diplomático e afirmou que é "um passo crucial para desafiar os crimes contra a humanidade do governo chinês contra os uigures e outras comunidades de língua turca".

Os ativistas afirmam que pelo menos um milhão de uigures e outras pessoas da minorias muçulmanas foram detidas em campos em Xinjiang, onde Pequim também é acusada de impor trabalhos e esterilizações forçadas.

Por sua vez, Zhao Lijian afirmou que as acusações ocidentais sobre a situação em Xinjiang eram a "mentira do século".

Enquanto isso, o Comitê Olímpico Australiano afirmou que sua prioridade é garantir uma "viagem segura à China devido à complexidade da pandemia de covid".

Um porta-voz da embaixada chinesa na Austrália disse que os atletas do país seriam bem-vindos aos Jogos e desejou um "excelente desempenho".

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