Luta

Nobel da Paz Maria Ressa pede aos jornalistas que defendam seus direitos

Para poder viajar a Oslo, Ressa, de 58 anos, teve que pedir permissão a quatro tribunais diferentes, já que se encontra em liberdade condicional à espera de recurso por uma condenação por difamação.

Gardermoen, Noruega- A jornalista filipina Maria Ressa, prêmio Nobel da Paz conjunto em 2021, pediu nesta quarta-feira (8) aos seus companheiros que defendam seus direitos para não perdê-los para os "líderes autoritários" e os "ditadores emergentes".

"Querem que renunciemos aos nossos direitos", afirmou Ressa em referência a esse tipo de governantes, pouco depois de desembarcar do avião em Oslo, onde receberá na sexta-feira o Nobel que ganhou em conjunto com o jornalista russo Dimitri Muratov.

A co-fundadora da página de notícias Rappler, muito crítica ao presidente filipino Rodrigo Duterte, pediu à profissão que defenda seus direitos, "agora mais do que nunca, senão os perderemos".

"Quando os fatos estão ameaçados, quando não há mais fatos honestos, não pode haver eleições honestas. Isso começa em nós: temos que continuar encontrando os fatos e servindo à população", acrescentou esta ex-correspondente do canal americano CNN.

Para poder viajar a Oslo, Ressa, de 58 anos, teve que pedir permissão a quatro tribunais diferentes, já que se encontra em liberdade condicional à espera de recurso por uma condenação por difamação.

Além dessa condenção, da qual a pena é até seis anos de prisão, Ressa enfrenta outros seis processos judiciais.

O trabalho de Ressa permitiu evidenciar a violência que acompanha as campanhas contra as drogas do presidente Duterte, que poderia ter provocado dezenas de milhares de mortes, segundo as organizações de defesa dos Direitos Humanos.

Tanto ela quanto Muratov, editor-chefe do jornal crítico russo Novaia Gazeta, foram premiados em outubro com o Nobel da Paz pela sua luta para "proteger a liberdade de expressão".

Filipinas ocupa o 138º lugar na classificação mundial de liberdade de imprensa realizada todo ano por Repórteres Sem Fronteiras (RSF). A Rússia ocupa o 150º.

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