O Comitê Olímpico Internacional (COI) "respeita" o boicote diplomático aos Jogos de Inverno de Pequim (de 4 a 20 de fevereiro de 2022) anunciado nesta segunda-feira pelos Estados Unidos, e está satisfeito por esta decisão "política" não impedir a participação de atletas americanos.
"A presença de funcionários do governo e diplomatas é uma decisão puramente política de cada governo, que o COI, em sua neutralidade política, respeita plenamente", disse um porta-voz da entidade olímpica à AFP nesta segunda-feira.
“Ao mesmo tempo, este nosso anúncio também deixa claro que os Jogos Olímpicos e a participação dos atletas vão além da política, e isso é positivo”, acrescentou a mesma fonte.
Embora seja difícil prever qual será o impacto deste protesto político - já que Austrália e Canadá cogitam seguir a decisão dos Estados Unidos e do Parlamento Europeu -, a ausência de um boicote esportivo é crucial para a organização.
Desde março, o presidente do COI, Thomas Bach, que, quando era esgrimista foi privado de defender seu título olímpico por conta do boicote ocidental aos jogos de Moscou em 1980, tem feito campanha contra a ideia de impedir d participação de atletas no evento olímpico por razões políticas.
"O apoio aos atletas e aos Jogos Olímpicos foi expresso em várias ocasiões nos últimos meses e, mais recentemente, pela resolução das Nações Unidas intitulada 'Construindo um mundo pacífico e melhor por meio do esporte e do ideal olímpico', adotada na semana passada em Nova York." destacou o COI.
Esta resolução "convida" os Estados a "cooperar" com o COI para "usar o esporte como um instrumento para promover a paz, o diálogo e a reconciliação em zonas de conflito durante e após o período dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos", destacou o porta-voz.
O COI, que reivindica desde o início sua "neutralidade política", tem sido confrontado desde a escolha em 2015 de Pequim para sediar as Olimpíadas de Inverno de 2022 por vários protestos internacionais relacionados a violações dos direitos humanos na China.
A entidade também teve que justificar nas últimas semanas sua "diplomacia discreta", percebida como um gesto de complacência com o governo da China, na gestão do caso do desaparecimento da tenista chinesa Peng Shuai, após ela acusar um ex-dirigente de seu país de violência sexual.
Saiba Mais