Após amargar derrota nas eleições regionais, realizadas no último dia 21, a oposição venezuelana amarga nova perda. Julio Borges, ministro das Relações Exteriores do governo interino da Venezuela, demitiu-se ontem do cargo, que exerceu por três anos, e, ao anunciar sua decisão, disse que o governo de Juan Guaidó deveria "desaparecer" porque "se deformou". "O governo (provisório) faz sentido como instrumento para sair da ditadura, mas, neste momento, a nosso ver, o governo provisório está deformado (…) Em vez de ser um instrumento de combate à ditadura, o governo interino se tornou uma espécie de casta", justificou, em uma coletiva on-line.
Borges falou de Bogotá, na vizinha Colômbia, onde obteve asilo político depois que o governo de Maduro o acusou de participar de um complô contra o presidente. Segundo ele, só no ano passado, a "burocracia" ligada ao governo autoproclamado chegou "a quase 1.600 pessoas". "Nós precisamos eliminar isso completamente", defendeu. O agora ex-representante de Guaidó no exterior é membro do partido Primeira Justiça, uma das quatro maiores siglas da oposição e integrante da coalizão de Guaidó na assembleia nacional. Sua demissão deve ser oficializada amanhã, durante uma sessão legislativa.
Para analistas, divisões internas na oposição e a demora em firmar alianças são uma das principais razões da derrota nas eleições do mês passado, quando a oposição conquistou apenas três dos 23 governadores. Guaidó assumiu o posto de presidente de um governo interino no início de 2019 e é reconhecido por mais de 50 países — entre eles, os Estados Unidos e o Brasil — como legítimo líder da Venezuela.