Os incêndios que destruíram "em um piscar de olhos" bairros inteiros do estado do Colorado, no oeste dos Estados Unidos, estão se apagando nesta sexta-feira (31/12) com a queda de neve que extingue os últimos focos.
Ao menos 500 casas ficaram reduzidas a fumaça e dezenas de milhares de pessoas tiveram que fugir, mas, até o momento, não relato de mortes, "um milagre", segundo o governador Jared Polis.
A destruição é descomunal: nas imagens aéreas é possível ver ruas inteiras reduzidas a cinzas e fumaça. Ao contrário de outros incêndios, estes não se limitaram à zona rural e atingiu o subúrbio.
"As famílias tiveram apenas alguns minutos para juntar o que podiam - os animais, filhos - em um carro e fugir", disse Polis em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira. Tudo aconteceu "em um piscar de olhos", afirmou o governador.
Na noite de ontem, as chamas tingiram o céu de laranja, alimentadas por rajadas de vento de até 160 km/h. ao que tudo indica, o incêndio foi causado pela queda de postes elétricos sobre um solo seco.
Ainda não há informações sobre o número de casas destruídas. O xerife do condado de Boulder, Joe Pelle, calculou hoje que são mais de 500, e disse que "não ficaria surpreso se forem mais de 1.000".
O fogo se propagou como "um um mosaico", de modo que alguns bairros se salvaram, enquanto as casas do outro lado ficaram queimadas, explicou.
"Quando você vê a devastação, é assombroso que não tenhamos uma lista de 100 pessoas desaparecidas, mas não temos", declarou o xerife.
Em um telefonema ao governador Polis, o presidente Joe Biden prometeu fazer "o possível para oferecer ajuda imediata às pessoas e localidades afetadas", segundo a Casa Branca.
Nevasca
Nesta sexta-feira as cinzas foram cobertas pela neve. O Serviço Meteorológico dos Estados Unidos (NWS, na sigla em inglês) colocou parte deste estado montanhoso em alerta para tempestades de inverno e prevê intensas precipitações de neve nos próximos dias.
A neve "nos ajudará", disse Pelle, que duvida que o fogo volte a se propagar agora.
Algumas ordens de evacuação foram suspensas pelas autoridades locais durante a noite, mas o acesso continua proibido a localidades como Superior, de 13.000 habitantes.
Patrick Kilbride, de 72 anos, estava trabalhando quando recebeu a ordem de evacuação. Ele apenas conseguiu salvar seu carro e a roupa que levava no corpo. O restante, ou seja, a casa onde viveu por três décadas, ficou reduzido a "cinzas", segundo ele mesmo disse ao jornal Denver Post.
Seca histórica
Assim como grande parte do oeste americano, o Colorado é um estado árido que sofre há anos com uma seca excepcional.
Com o aquecimento global, é provável que a intensidade e a frequência dos episódios de seca e de ondas de calor aumentem ainda mais, criando condições que favorecem os incêndios florestais.
Nos últimos anos, o oeste americano sofreu com incêndios sem precedentes, sobretudo na Califórnia e no Oregon.
Para Daniel Swain, meteorologista da universidade UCLA, "é difícil acreditar" que os incêndios estejam acontecendo em dezembro.
"Contudo, pegue um outono [no hemisfério norte] de calor e seca recordes, com apenas dois centímetros de neve até o momento, e acrescente uma tempestade com ventos extremos [...] e o resultado serão incêndios extremamente perigosos, que se deslocam muito rápido", tuitou o pesquisador.
Para além dos incêndios, os Estados Unidos sofreram recentemente outros fenômenos extremos, como a passagem da tempestade Ida em Nova York e Nova Jersey, em setembro, e os tornados mortais de dezembro no Kentucky. Até o momento, ainda não se sabe se estes últimos estão vinculados ao aquecimento global.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.