Pandemia

Com planos de mais restrições, França fecha o cerco contra a ômicron

Na tentativa de conter a disseminação da variante do Sars-CoV-2, governo de Emmanuel Macron pretende tornar o passaporte sanitário — que dá acesso a restaurantes e cinemas, entre outros locais — válido apenas para as pessoas com esquema vacinal completo. Também retoma trabalho remoto e impõe limite de público em eventos

Correio Braziliense
postado em 28/12/2021 06:00
 (crédito:  Getty Images via AFP)
(crédito: Getty Images via AFP)

Com recordes sucessivos de diagnósticos de covid-19, a França pretende adotar uma medida enérgica, e que promete muita polêmica, para tentar conter o avanço da variante ômicron. Em reunião do Conselho de Ministros, foi aprovado o envio ao Parlamento de um projeto para alterar as regras do chamado passaporte sanitário — documento que garante acesso a restaurantes e bares, entre outros —, tornando-o efetivo apenas para as pessoas totalmente imunizadas contra o Sars-CoV-2. Pela proposta, os não vacinados terão entrada vetada nesses locais: testes negativos recentes não serão mais admitidos.

A volta do uso de máscaras em áreas ao ar livre nos centros das cidades francesas, a redução do intervalo para a terceira dose da vacina (de quatro para três meses), além de redução de limite de público para eventos foram algumas das medidas aprovadas. Shows, competições esportivas, entre outros, poderão ser realizados com um máximo de 2 mil pessoas em ambientes fechados e 5 mil em ambientes abertos. O público não poderá ficar de pé.

O primeiro-ministro Jean Castex anunciou ainda que o governo determinou às empresas o retorno do trabalho remoto — pelo menos três dias sempre que possível. Novas medidas podem ser adotadas ainda esta semana. Não há previsão de toque de recolher, pelo menos por enquanto. As novas ações devem vigorar por três semanas.

A decisão de adotar ações mais radicais foi tomada depois que o país registrou, no sábado de Natal, mais de 100 mil casos diários da doença, um recorde absoluto desde que a pandemia começou, há quase dois anos. Com a iniciativa, espera-se evitar lotação em hospitais. Especialistas têm alertado que o número aumentará rapidamente nas próximas semanas.

Acesso limitado

De todas as medidas, a alteração no passe sanitário deve arrancar mais reação de parte da população. Desde agosto, o certificado de vacinação é obrigatório para a entrada em restaurantes, cinemas, trens, ônibus e outros locais públicos do país. Entretanto, até o momento, vem sendo admitida a apresentação de um exame anticovid recente, que deixará de ser aceito.

A mudança deverá entrar em vigor na semana de 15 de janeiro, após a aprovação do Parlamento. E prevê a inclusão da terceira dose para os que já estiverem no prazo de tomá-la. Além desse exigência, os clientes só poderão permanecer em cafés e bares sentados.

Jean Castex reiterou o apelo para que os cidadãos não deixem de se vacinar, ao mesmo tempo em que elogiou a taxa de imunização alcançada no país, de 78% da população. Segundo o governo, o percentual representa 90% das pessoas elegíveis (atualmente todos os maiores de 5 anos).

Sem pânico

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden pediu à população que não ceda ao alarmismo diante do forte aumento de casos diários de covid-19 por causa da variante ômicron, que quase bateram um recorde no domingo (215 mil registros). “A ômicron é uma forte preocupação, mas não deveria ser motivos de pânico”, disse o líder democrata, na Casa Branca, no início de uma videoconferência com cerca de 20 governadores e assessores sanitários.

Ele acredita que a propagação da variante altamente contagiosa, identificada na África do Sul em novembro, não terá o mesmo impacto que a primeira onda de covid-19 ou da variante delta, a devido à campanha maciça de imunização e à testagem. “Como tem havido tantas vacinações e reforços, não estamos vendo as hospitalizações aumentarem tanto”, disse Biden. Nos EUA, 72% da população receberam pelo menos uma dose.

O presidente americano admitiu, no entanto, que alguns hospitais estão "sobrecarregados, quanto a equipamentos e pessoal" devido a um aumento das hospitalizações, muitas delas de pessoas não vacinadas. Biden também reconheceu que a quantidade de testes existentes é insuficiente devido ao número de americanos que querem fazer um para passar as festas de ano-novo em família.

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