Uma "agressão militar" contra a Ucrânia teria "graves consequências e um custo elevado" para a Rússia, alertaram nesta quinta-feira (16) os 27 chefes de Estado e governo da União Europeia (UE), em uma declaração conjunta, durante uma cúpula em Bruxelas.
"O Conselho Europeu reitera seu total apoio à soberania e à integridade territorial da Ucrânia. Qualquer nova agressão contra a Ucrânia terá graves consequências e um custo elevado em resposta", afirmaram os dirigentes.
As conclusões foram adotadas por unanimidade após várias horas de discussões a portas fechadas sobre possíveis sanções econômicas europeias.
Mais cedo, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou que "não comprometeremos o direito da Ucrânia de escolher seu próprio caminho".
"Não vamos comprometer o direito da Otan de proteger e defender todos os aliados", acrescentou, após se reunir com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em Bruxelas.
Zelenski declarou que "desde 2014, desde o início da guerra, a Rússia empurrou a Ucrânia para a Otan e hoje está aplainando o difícil caminho de sua adesão".
Os países ocidentais acusam a Rússia de preparar uma nova invasão da Ucrânia e colocar um contingente considerável na fronteira.
A Rússia exige que a Otan renuncie "formalmente" à sua decisão de 2008 de abrir a porta à adesão da Ucrânia e da Geórgia, ao que o Kremlin se opõe categoricamente.
"É preciso evitar entrar no jogo dos russos", disse à AFP o representante de um país europeu. "Frente à pressão militar exercida pela Rússia, deve-se evitar os erros: aceitar as condições propostas seria um ato de fragilidade, mas é preciso também evitar a escalada", acrescentou.
Na quarta-feira, a Rússia entregou uma lista de exigências à subsecretária americana para a Europa, Karen Donfried, que viajou para Moscou.
Donfried chegou na quinta-feia a Bruxelas para apresentar estas propostas à Otan em uma reunião com os embaixadores dos Estados-membros, informaram fontes diplomáticas.
Em 2008, prometeu-se uma adesão da Ucrânia e da Geórgia na cúpula da Otan em Bucareste, apesar das advertências da França e da Alemanha. Mas a entrada de um novo membro deve ser aprovada por unanimidade, reforçou Stoltenberg.
O presidente russo, Vladimir Putin, quer um diálogo direto com os Estados Unidos sobre a queda de braço com a Ucrânia e busca garantias de segurança como uma condição para reduzir as tensões.
Tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia têm advertido que em caso de uma invasão, vão impor sanções contundentes à Rússia.
"O agressor é a Rússia", afirmou Stoltenberg. "Foi a Rússia que usou a força militar contra a Ucrânia, anexou ilegalmente parte da Ucrânia, a Crimeia, em 2014, e continua desestabilizando o leste do país", destacou.
Reunidos em uma cúpula em Bruxelas nesta quinta-feira, dirigentes dos países da União Europeia - dos quais 21 são membros da Otan - lançaram uma dupla mensagem a Putin: advertiram que uma nova intervenção na Ucrânia teria "consequências muito graves" e pediram diálogo entre as partes.
Deixar a Rússia na "incerteza"
"Deixar o adversário na incerteza é o melhor meio de usar a arma das sanções", disse um diplomata europeu.
"Pediram-nos para preparar opções. Estamos dispostos. Em caso de uma nova agressão militar, o custo a pagar pela Rússia será muito alto e haverá consequências graves", havia dito na quarta-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O gasoduto Nord Stream 2, entre Rússia e Alemanha, recentemente concluído, mas ainda não em serviço, "é uma parte do quebra-cabeças", disse o chefe de governo polonês, Mateusz Morawiecki.
O novo chanceler alemão, Olaf Scholz, não se pronunciou ainda abertamente se usará ou não o gasoduto como instrumento de pressão.
"A Rússia não quer retornar ao formato do acordo da Normandia e quer negociar diretamente com os Estados Unidos", admitiu um diplomata europeu.
Esta configuração diplomática foi alcançada durante uma cúpula em Minsk em 2015 e aceita por Putin, com a França e a Alemanha como mediadoras das negociações entre os dois beligerantes.
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