Os candidatos ao segundo turno das eleições presidenciais em 19 de dezembro no Chile, o candidato de direita José Antonio Kast e o de esquerda Gabriel Boric, se enfrentaram nesta sexta-feira (10) em um primeiro debate tenso, no qual trocaram acusações sobre suas propostas de governo antagônicas.
Organizado pela Associação de Radiodifusores do Chile (Archi), o debate durou mais de duas horas, com perguntas constantes sobre as mudanças introduzidas pelos dois candidatos em seus programas de governo para o segundo turno e suas propostas mais polêmicas, mas também sobre questões pessoais.
"Nós temos uma diferença: quando eu me equivoco, peço perdão e sou capaz de mudar minha posição", disse Boric, o candidato da coalizão "Aprovo Dignidade", que reúne o Frente Ampla e o Partido Comunista, acusado por Kast de endossar a violência política.
"Você pediu perdão à mulher que te acusou de abuso? Essa situação ainda não foi esclarecida", respondeu Kast, irritando Boric, deputado de 35 anos - a idade mínima para se candidatar à presidência -, exigindo uma retratação, ao apontar que não existe nenhuma denúncia de abuso contra ele.
"Aqui tem uma pergunta que me parece grave e acho lamentável que um espaço como este seja usado para um assunto que vocês não fazem ideia", afirmou Boric.
Mais adiante no debate, Kast - um advogado ultraconservador de 55 anos - pediu desculpas ao seu adversário por falar de "abuso" e não de "assédio".
Outro dos pontos que geraram polêmica, principalmente nas redes sociais, foi a defesa de Kast sobre a proposta de prender pessoas em lugares diferentes dos presídios quando houver um "estado de exceção" em meio a casos de perturbação pública.
Questionado se esses espaços poderiam ser parecidos com os usados pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) para deter opositores, Kast respondeu: "é assim".
O direitista defendeu também sua proposta de construir uma vala na fronteira norte para evitar a passagem de migrantes irregulares: "A intenção é levar as pessoas para uma passagem habilitada". A iniciativa foi avaliada em 10 milhões de dólares.
Por sua vez, Boric afirmou: "nunca planejei modificar a bandeira da qual me sinto orgulhoso, nem o hino da pátria. A única coisa que mudaria é o lema do escudo, de 'Pela razão ou pela força' para 'Pela força da razão'".
Mais de 15 milhões de chilenos definirão no domingo, 19, o sucessor do conservador Sebastián Piñera. Kast ficou em primeiro no primeiro turno de 21 de novembro com 27,9% dos votos, contra os 25,8% de Boric, que agora lidera as pesquisas.
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