Olimpíadas de inverno

As consequências do boicote diplomático dos EUA aos Jogos de Inverno de Pequim

O governo dos Estados Unidos anunciou um "boicote diplomático" aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022

Agência France-Presse
postado em 07/12/2021 09:30
 (crédito: Noel Celis / AFP)
(crédito: Noel Celis / AFP)

Pequim, China- O governo dos Estados Unidos anunciou um "boicote diplomático" aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022 em nome da defesa dos direitos humanos, em particular pelo tratamento reservado por Pequim às minorias muçulmanas, que Washington considera uma forma de genocídio.

- O que é um "boicote diplomático"? -


Enquanto durar o boicote, a administração do presidente Joe Biden não enviará nenhum diplomata ou funcionário do governo americano aos Jogos.

O país sede dos Jogos Olímpicos geralmente aproveita a atenção mundial proporcionada pelo evento para receber visitas de líderes ou funcionários de outros governos.

Os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush, e da França, Nicolas Sarkozy, por exemplo, visitaram Pequim em 2008 para os Jogos Olímpicos de Verão e para apoiar os atletas de seus países.

Mas as acusações de que a China submete as minorias muçulmanas de Xinjiang a detenções em larga escala, trabalhos forçados e outros abusos tornam politicamente impossível que um funcionário do governo americano compareça às competições de fevereiro em Pequim.

- Como a medida afetará os Jogos? -


O anúncio não deve ter impacto nos Jogos.

Ao revelar o boicote, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, destacou que os atletas americanos são livres para competir e "os apoiaremos em 100%, com a torcida de casa".

Os integrantes da delegação americana e das comissões técnicas continuarão recebendo assistência consular e diplomática, informou uma fonte do Departamento de Estado, e não há indícios de que o país anfitrião reservará um tratamento diferente a eles.

- Outros países seguirão o exemplo dos Estados Unidos? -


Nenhuma decisão similar foi anunciada, mas aliados próximos dos Estados Unidos, como Reino Unido, Austrália e Canadá, estão considerando a medida.

É provável que o crescente peso econômico e político da China no mundo impeça uma adesão maior.

Porém, isto não garante que a China fique imune a críticas durante o evento esportivo, já que os atletas olímpicos são livres para se expressar durante sua estadia em Pequim, ainda mais depois das acusações de agressão sexual da estrela do tênis chinês Peng Shuai contra um ex-alto funcionário do Partido Comunista Chinês.

- Como a China responderá? -


A China afirmou que o governo dos Estados Unidos "pagará o preço" de sua decisão de boicotar a diplomacia e prometeu consequências.

Nenhum detalhe foi divulgado, mas segundo a consultoria Eurasia Group as represálias se limitarão provavelmente a medidas diplomáticas, como a imposição de sanções simbólicas a determinados políticos americanos.

A China advertiu que um boicote poderia ter um impacto mais amplo na relação entre os dois países, assim como nos esforços de Biden para avançar em temas como o controle de armas e os esforços para aliviar as tensões sobre Taiwan.

- Já aconteceram outros boicotes? -


Os Jogos Olímpicos, especialmente os de Verão, já foram boicotados em diversas ocasiões, seja por países individualmente ou por blocos de países, desde a celebração das primeiras Olimpíadas da era moderna em Atenas-1896.

Os boicotes com frequência têm caráter ideológico, como os dos países muçulmanos que permaneceram em casa para protestar contra a presença de atletas israelenses, ou a ausência da Coreia do Norte nos Jogos de Seul-1988.

As ações mais significativas aconteceram em 1980, quando o presidente americano Jimmy Carter decidiu boicotar os Jogos de Moscou para protestar contra a invasão soviética do Afeganistão, e quatro anos depois, quando o bloco soviético adotou represálias para boicotar os Jogos de Los Angeles.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação