O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta sexta-feira (3) que está preparando novas políticas para deter qualquer plano da Rússia de invadir a Ucrânia, depois que Washington e Kiev informaram que Moscou havia concentrado tropas perto da fronteira com a intenção de invadir o território do país vizinho.
"O que estou fazendo é reunir o que acredito que será o conjunto de iniciativas mais completo e significativo para que seja muito, muito difícil para [o líder russo, Vladimir] Putin seguir adiante e fazer o que as pessoas se preocupam que ele possa fazer", disse Biden aos jornalistas.
As tensões dispararam nas últimas semanas depois que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, advertiu Moscou contra uma suposta invasão.
Kiev disse que a Rússia mobilizou cerca de 115.000 soldados perto de suas fronteiras, na Crimeia anexada e em duas regiões do leste controladas por rebeldes pró-Rússia.
"O momento mais provável para alcançar a justa preparação para a escalada será no fim de janeiro" próximo, disse nesta sexta-feira o ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov, ao Parlamento em Kiev.
O ministro observou que um "período de treinamento de inverno" já havia começado na Rússia e que Moscou chegou a realizar manobras perto do território ucraniano, posicionando cerca de 100.000 soldados nos arredores da fronteira.
Moscou se apoderou da península da Crimeia pertencente à Ucrânia em 2014 e, desde então, vem apoiando os separatistas pró-Rússia que lutam contra o governo central de Kiev no leste do país. O conflito já deixou mais de 13.000 mortos.
Cúpula Biden-Putin à distância
O Kremlin, por sua vez, negou as acusações de Kiev e responsabilizou os Estados Unidos por supostamente alimentar as tensões.
Ademais, o governo russo afirmou nesta sexta-feira que Putin e Biden manterão um contato bilateral na próxima semana. A reunião por videoconferência já está acordada, mas só será anunciada depois que os últimos detalhes estejam ajustados.
Já os Estados Unidos assinalaram que o contato foi acordado, mas não confirmou nenhuma data para o mesmo.
Ao ser questionado se havia falado com Putin na manhã desta sexta, Biden exclamou "não", enquanto deixava a coletiva de imprensa em Washington sobre os números do desemprego.
O assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, garantiu aos jornalistas que já foi marcada uma data, mas que a mesma não seria anunciada antes de estabelecer os detalhes finais das conversas.
Apesar do aumento dos contatos entre os dois países adversários desde que Putin e Biden se reuniram pela primeira vez em uma cúpula em Genebra, na Suíça, em junho, as tensões continuam elevadas.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse à AFP nesta sexta que rechaça qualquer esforço para que seu país abandone os planos de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A Otan abriu oficialmente as portas para a entrada da Ucrânia em 2008. Contudo, os avanços foram pequenos desde então.
Além do conflito na Ucrânia, Rússia e Estados Unidos continuam discutindo sobre ciberataques e o contingente de funcionários de suas embaixadas, depois de vários episódios envolvendo a expulsão de diplomatas.
'Esta é a nossa terra'
Na frente de batalha no leste da Ucrânia, as tropas governamentais disseram que estavam prontas para repelir qualquer ataque russo.
"Nossa tarefa é simples: não deixar que o inimigo entre em nosso país", declarou à AFP um soldado chamado Andriy, de 29 anos, enquanto fumava dentro de uma trincheira perto de Svitlodarsk, a primeira cidade na linha de frente .
"Todos os nossos rapazes estão prontos para contê-los [os russos]. Esta é a nossa terra, e a protegeremos até o fim", acrescentou outro soldado, Yevgen, de 24 anos.
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