O serviço de inteligência exterior da Rússia (SVR) desmentiu nesta segunda-feira (22) as acusações ocidentais de que Moscou está planejando uma invasão da Ucrânia.
Os Estados Unidos fornecem a seus aliados "informações absolutamente falsas sobre uma concentração de forças (russas) em nosso território com vistas a uma invasão militar da Ucrânia", declarou o SVR em um comunicado enviado a agências de notícias russas.
"Os americanos estão pintando uma imagem aterrorizante de hordas de tanques russos que começarão a esmagar as cidades ucranianas, alegando que têm 'informações confiáveis' das intenções russas", denunciou.
O texto completa que as acusações são "absolutamente falsas".
Essas declarações, incomuns por parte dos serviços secretos russos, ocorrem em meio à escalada das tensões entre Moscou e os países ocidentais a respeito da Ucrânia.
Os Estados Unidos, a Otan e a União Europeia alertaram neste mês sobre a suposta atividade militar russa perto da Ucrânia, palco desde 2014 de um conflito entre Kiev e separatistas pró-russos no leste.
Washington afirmou que tem "preocupações reais" sobre o que chamou de "atividade incomum" da Rússia na fronteira com a Ucrânia.
A guerra na Ucrânia, que estourou logo após a anexação da Crimeia por Moscou, já custou mais de 13.000 vidas até o momento.
A Rússia é acusada de apoiar militarmente os separatistas pró-russos, o que o Kremlin nega.
Moscou rejeitou em várias ocasiões qualquer projeto hostil à Ucrânia, e denunciou no domingo uma "histeria" americana.
"Qualquer movimento de tropas russas dentro dos limites de nosso território não representa uma ameaça para ninguém e não deve preocupar ninguém", tentou tranquilizar o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta segunda-feira.
Em contrapartida, ele acusou a Ucrânia de "aumentar as provocações", incluindo "com uso de armas fornecidas (a Kiev) por países da Otan".
Nesta segunda-feira, o SVR também acusou o Exército ucraniano de avançar além da linha que o separa dos separatistas pró-russos no leste e de "concentrar forças" na fronteira com a Rússia e Belarus.
Kiev já havia anunciado que enviaria vários milhares de soldados para sua fronteira com Belarus em razão crise migratória que Minsk é acusada de orquestrar.
O chanceler ucraniano, Dmytro Kouleba, rejeitou hoje as "falsas" acusações de que Kiev "está preparando uma agressão militar", acrescentando que seu país "está trabalhando duro" para reiniciar as negociações patrocinadas pela França e Alemanha.
O presidente russo, Vladimir Putin, acusou na semana passada o Ocidente de "escalar" o conflito na Ucrânia com exercícios militares no Mar Negro. Também afirmou que bombardeiros dos Estados Unidos voaram perto das fronteiras da Rússia.