Cinquenta trabalhadores migrantes morreram, e mais de 500 ficaram gravemente feridos no ano passado no Catar, durante as obras para sediar a Copa do Mundo de futebol de 2022 - informou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta sexta-feira (19).
O rico emirado é, regularmente, criticado por ONGs internacionais pelo tratamento reservado às centenas de milhares de trabalhadores, em sua maioria procedentes da Ásia, nas grandes obras para a Copa do Mundo.
De acordo com o relatório da agência das Nações Unidas, a maioria dos trabalhadores migrantes que faleceram em 2020 morreu em quedas, ou em acidentes de trânsito, principalmente no local de trabalho.
Além disso, 506 trabalhadores migrantes ficaram gravemente feridos em 2020, e outros 37.600 sofreram ferimentos leves, ou moderados.
A OIT, que constatou lacunas nos dados coletados, explicou que se baseou nas informações de instituições que nem sempre classificam os mortos e feridos no trabalho da mesma forma.
Os dados "não são coletados de forma sistemática", afirmou o diretor do escritório da agência da ONU no Catar, Max Tunon, em um comunicado.
O relatório preconiza a criação de uma "plataforma nacional" que reúna todos os dados.
"Temos que agir com urgência, porque, atrás de cada número, está um trabalhador e sua família", acrescentou Tunon.
"Outra recomendação importante é investigar melhor as causas das mortes que não são classificadas como relacionadas ao trabalho, mas que podem ser", disse Tunon.
O Catar elogiou a publicação do relatório e observou que reflete o compromisso do Catar de cooperar plenamente em relação aos direitos de seus trabalhadores.
"O Catar está estudando as recomendações do relatório e continuará a trabalhar com a OIT", ressaltou um porta-voz do governo.
Doha afirma ter feito muito para melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores migrantes, que somam mais de dois milhões no país.
O emirado do Golfo anunciou várias reformas desde que conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo em 2010, incluindo a introdução de um salário mínimo e a possibilidade de mudar de empregador com mais facilidade.
Seus críticos afirmam, porém, que a implementação de tais reformas está muito atrasada.
Em fevereiro, Doha negou veementemente as informações publicadas pelo jornal britânico The Guardian de que mais de 6.500 trabalhadores migrantes morreram no Catar desde 2010. Recusa-se, no entanto, a divulgar o número exato destes óbitos.