Imigração

Bielorrússia 'limpa' fronteira com a Polônia

As autoridades da Bielorrússia desmontaram, ontem, acampamentos improvisados de imigrantes em um posto de controle na fronteira com a Polônia. Ao longo das últimas semanas, milhares de estrangeiros ilegais se concentraram no local e aguardaram uma oportunidade para ingressar no país, uma das "portas" da União Europeia (UE). Os guardas fronteiriços removeram todos os migrantes da passagem de Bruzgi-Kunica e os transferiram para um centro de transporte e logística — a instalação será temporariamente convertida em centro de processamento de imigração ad hoc. 

Ao mesmo tempo, centenas de iraquianos voltaram para Bagdá, ontem, em um voo que partiu da Bielorrússia. A Polônia também deteve dezenas de migrantes que cruzaram a fronteira, em meio a uma crise que os países ocidentais atribuem ao governo bielorrusso. Os governos europeus acusam o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, de atrair milhares de migrantes — muitos deles curdos iraquianos — para a fronteira, em retaliação às sanções impostas contra a ex-república soviética.

Lukashenko e seu colega e aliado russo, Vladimir Putin, rejeitaram as acusações e criticaram a UE por rejeitar os migrantes, que estão em uma situação humanitária deplorável. Esta semana, a chanceler alemã, Angela Merkel, falou duas vezes por telefone com Lukashenko, no primeiro contato telefônico do líder bielorrusso com um líder ocidental desde as eleições do ano passado.

Um dia depois da segunda ligação entre os dois líderes, o primeiro voo de repatriação pousou no Iraque, informou um porta-voz do governo da região autônoma do Curdistão, de onde veio um bom número de migrantes iraquianos repatriados. Havia 431 pessoas no voo, segundo a agência russa Interfax e o porta-voz do governo curdo. Por sua vez, a porta-voz da presidente bielorrussa, Natalia Eismont, disse que cerca de 7 mil migrantes permanecem no país.

De acordo com ela, seu país administrará o repatriamento de 5 mil migrantes, e a chanceler Angela Merkel vai negociar com a UE um corredor humanitário para retirar os 2 mil restantes para a Alemanha. No entanto, até o fechamento desta edição, a informação não tinha sido confirmada por Berlim. 

Em relação ao incidente noturno na fronteira, o Ministério da Defesa polonês explicou no Twitter que as forças bielorrussas primeiro realizaram um reconhecimento do local e que "muito provavelmente" provocaram danos à cerca que marca a fronteira. "Então, os bielorrussos forçaram os migrantes a atirar pedras nos soldados poloneses para desviar sua atenção, enquanto a algumas centenas de metros dali acontecia a tentativa de travessia", explicou. "Forças bielorrussas lideraram o ataque", acrescentou o ministério.