O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta quinta-feira (18) os países ocidentais de alimentar as crescentes tensões nas fronteiras orientais da Ucrânia e no Mar Negro, enquanto Washington se preocupa com novas concentrações de tropas russas.
Putin, que conversou com um grupo de diplomatas do Ministério das Relações Exteriores, também alertou seus opositores contra cruzar as "linhas vermelhas".
"Nossos aliados ocidentais estão agravando a situação, fornecendo armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocativos no Mar Negro e em outras áreas próximas à nossa fronteira", disse ele.
“No que diz respeito ao Mar Negro, isso vai além de certos limites. Bombardeiros estratégicos voam a 20 quilômetros de nossas fronteiras e carregam, como se sabe, armas muito perigosas”, continuou o presidente russo.
No dia anterior, foi o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, quem alertou Moscou contra qualquer tentativa de "aventura militar" na fronteira entre a Polônia e Belarus e na região de fronteira com a Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reagiu a essas acusações nesta quinta-feira, pedindo à Europa que pare de considerar a Rússia "responsável por todos os males".
"A Rússia não está travando nenhuma guerra híbrida", disse Peskov, e Moscou é regularmente acusada de usar meios desproporcionais contra seus adversários geopolíticos.
Ucrânia quer armas
A Otan, Washington, Paris e Berlim denunciaram nos últimos dias um reforço das tropas russas nas fronteiras orientais da Ucrânia, onde uma guerra com separatistas pró-russos está em andamento desde 2014. Naquele mesmo ano, Moscou anexou a península da Crimeia da Ucrânia em resposta a uma revolução pró-Ocidente.
Na primavera de 2021, a Rússia realizou exercícios militares em grande escala perto da Ucrânia, aumentando o temor de uma invasão.
Moscou advertiu repetidamente os ocidentais contra o aumento do apoio a Kiev, também enfatizando que a presença reforçada da Otan na Europa Oriental foi percebida como um sinal de uma política antirrussa hostil.
"Nossas preocupações e avisos sobre a expansão da Otan para o leste foram totalmente ignoradas", reiterou Putin nesta quinta-feira, prometendo "reagir apropriadamente" à atividade militar da Otan perto das fronteiras russas.
Kiev, que inicialmente minimizou a escala do desdobramento das forças russas em suas fronteiras, mudou de tom nesta quinta-feira, pedindo a seus aliados ocidentais que entreguem as armas.
"A agressividade da Rússia aumentou consideravelmente nas últimas semanas", enfatizou o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba. Portanto, Kiev está negociando com o Ocidente "acordos sobre o fornecimento adicional de armas defensivas para nosso país", acrescentou.
Os ucranianos e seus aliados americanos e europeus estão criando "medidas para conter a Rússia", disse o ministro.
São "pressões políticas e diplomáticas, golpes econômicos dolorosos em caso de expansão da agressão russa e o fortalecimento da capacidade de defesa das Forças Armadas ucranianas", explicou.
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