A Promotoria francesa abriu uma investigação sobre um suposto estupro de uma soldado por um colega militar no palácio presidencial francês - informou uma fonte judicial à AFP nesta sexta-feira (12).
O suposto ataque ocorreu em julho passado, após uma recepção de despedida com a presença do presidente Emmanuel Macron, segundo o jornal francês Libération, o primeiro a noticiar as acusações.
As investigações "seguem seu curso", segundo as fontes judiciais. O suposto agressor testemunhou perante o juiz em 12 de julho e não foi formalmente acusado até agora.
A jovem militar, que compareceu a esta recepção de despedida, denunciou que foi forçada por um militar a manter relações sexuais.
"As duas pessoas trabalham juntas e se conhecem", afirma o Libération.
A mulher apresentou queixa horas depois em uma delegacia de polícia no norte de Paris.
O Palácio do Eliseu declarou à AFP que "não comenta sobre questões judiciais em andamento", mas ressaltou que, "a partir do momento que os acontecimentos foram estabelecidos, foram tomadas medidas para acompanhar a vítima, foi dado apoio, e ela foi enviada para outro local, longe da pessoa designada como agressora".
A presidência de Emmanuel Macron já foi abalada por outro incidente envolvendo um colaborador do chefe de Estado, o ex-segurança Alexandre Benalla.
Homem de confiança do presidente francês, Benalla foi condenado em 5 de novembro a três anos de prisão por agredir manifestantes durante uma marcha de 1º de maio de 2018.
Imagens gravadas durante o protesto mostram o funcionário batendo em várias pessoas. O jornal Le Monde revelou o caso no verão de 2018, especificando que ele foi punido apenas com uma suspensão de 15 dias e que mantinha um escritório no Eliseu.
O assunto se tornou uma verdadeira dor de cabeça para o Eliseu por vários meses e causou um terremoto político.
A oposição rapidamente denunciou uma "questão de Estado".
O ex-guarda-costas também foi considerado culpado de uso fraudulento de passaporte diplomático, após ter sido despedido pelo escândalo, assim como de falsificação de documento para obtenção de passaporte de serviço e de porte ilegal de arma em 2017.
Neste novo caso, o palácio presidencial francês quis ressaltar o apoio dado à vítima.
Uma fonte próxima à investigação enfatizou à AFP que "Patrick Strzoda, chefe de gabinete de Emmanuel Macron, tem sido intransigente e implacável desde o caso Benalla sempre que ocorre algum comportamento impróprio de um funcionário do Eliseu".
De acordo com o jornal Libération, uma "investigação administrativa" foi aberta contra o soldado suspeito. Até o momento, porém, o Ministério das Forças Armadas não quis dar mais detalhes sobre o assunto.
Essas revelações surgem meses antes da eleição presidencial francesa marcada para abril de 2022.