China

Partido Comunista da China aprova resolução que consolida o poder de Xi Jinping

Partido Comunista aprova resolução que consolida o poder de Xi Jinping e compara presidente a Mao Tsé-tung e a Deng Xiaoping. Documento atesta que o socialismo entrou em uma nova era e pede unidade em torno do "camarada"

Xi Jinping agora ocupa um lugar especial no panteão da história chinesa, ao lado de líderes como Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping — respectivamente, o fundador da República Popular da China e o líder das reformas econômicas que abriram o país ao capitalismo. A decisão foi tomada, ontem, pela plenária dos 197 dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC), durante o 19º Comitê Central da legenda.

"Enfatizou-se que o Partido deve apoiar o marxismo-leninismo, o pensamento de Mao Tsé-tung, a teoria de Deng Xiaoping (...) e implementar completamente o pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas para uma nova era", afirma a resolução aprovada na reunião. "O Comitê Central conclama o Partido, os militares e o povo chinês a se unirem mais estreitamente em seu entorno, com o camarada Xi Jinping em seu núcleo."

Em entrevista ao Correio, Jeff Wasserstrom, historiador da Universidade da Califórnia e editor do The Oxford History of Modern China, explicou que há anos o PCC tem adotado medidas para elevar Xi a uma posição dramaticamente mais alta que seus antecessores Jiang Zemin e Hu Jintao. "A ideia é que ele seja visto como um dos três chefes mais exaltados do partido, ao lado de Mao e de Deng. Em muitas formas, Xi é apresentado como se implementasse as políticas de Deng e as levasse a novas direções. Podemos encontrar em Xi ecos do culto à personalidade de Mao", disse.

Wasserstrom cita que há muito mais cartazes com rosto de Xi na China do que aqueles que ostentavam a imagem de Deng na década de 1980. "As livrarias chinesas também estão repletas de obras de Xi e de textos hagiográficos sobre sua vida e seu pensamento", comentou. O estudioso considera inútil especular sobre o tempo que Xi permanecerá no poder. Segundo ele, além de a política chinesa estar envolta em segredos, as transformações do mundo influenciam nos rumos de Pequim.

Por sua vez, Yao-Yuan Yeh — diretor do Departamento de Estudos Internacionais e de Línguas Modernas da Universidade de St. Thomas, em Houston (Texas) — admitiu à reportagem que a decisão do PCC visa permitir que Xi sirva a um terceiro mandato. "Espera-se uma maior concentração de poder. Xi chegará a um ponto em que o seu status será tão alto como o de Mao, ou ainda maior, como se fosse um imperador", avaliou.

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