A socialite britânica Ghislaine Maxwell cooptou e aliciou jovens garotas para serem estupradas pelo financista americano Jeffrey Epstein, condenado por pedofilia, argumentaram promotores de Justiça nesta segunda-feira (29/11).
Foi o primeiro dia de julgamento de Maxwel em um tribunal de Justiça em Nova York (EUA), sob acusação de tráfico de pessoas para fins sexuais.
Ela nega as acusações. A defesa argumenta que Maxwell estaria sendo usada como bode expiatório pelos crimes de Epstein - que cometeu suicídio na prisão, em 2019, pouco mais de um mês depois de ter sido preso.
Acredita-se que seu "esquema" de tráfico sexual envolvia dezenas de meninas. A Promotoria sustenta que Epstein - conhecido na sociedade nova-iorquina por ser um rico investidor em Wall Street - pagava meninas para fazer massagens, que se convertiam em atos sexuais. Depois, as mesmas meninas seriam remuneradas para encontrar novas vítimas.
Os promotores do caso afirmam, agora, que Epstein e Maxwell eram "parceiros no crime" de abuso sexual.
A socialite britânica tem cidadanias americana e francesa e fala diversos idiomas, foi detida em 2020 e está presa desde então nos EUA - ela é acusada de ter aliciado até mesmo garotas de 14 anos para que fossem abusadas por Epstein na mansão dele.
No primeiro dia de julgamento, ambos os lados apresentaram seus argumentos iniciais, diante de um júri de 12 pessoas.
"Ela assediava meninas vulneráveis e as manipulava para que fossem violentadas", disse a promotora assistente Lara Pomerantz em seu discurso.
Os promotores argumentam que Maxwell era "essencial" para o esquema de abuso de Epstein; já a defesa argumenta que a socialite só está sendo acusada porque a promotoria não conseguiu uma condenação de Epstein.
"As acusações contra Ghislaine Maxwell são por coisas feitas por Jeffrey Epstein, mas ela não é Jeffrey Epstein", declarou no tribunal a advogada Bobbi Sternheim.
Se condenada, Maxwell, de 59 anos, pode ser sentenciada a até 80 anos de prisão.
As acusações contra ela são relativas a um período de dez anos, entre 1994 e 2004. Os promotores dizem que ela atuava como "braço direito" e parceira de Epstein "desde o começo" dos abusos e que ela "ajudava a normalizar uma conduta sexualmente abusiva" sob um verniz de respeitabilidade.
Quatro acusadoras devem testemunhar anonimamente durante o julgamento em Nova York, além de antigos funcionários de Epstein.
A defesa de Maxwell deve argumentar que a memória das quatro é falha, por conta da passagem do tempo e da influência de "informações externas e relatos constantes da mídia".
'Papel crucial' no aliciamento
Ainda segundo os promotores, Ghislaine Maxwell teve um "papel crucial no aliciamento e abuso" de meninas menores de idade.
Quatro das acusações se referem ao período entre 1994 e 97, quando ela era, segundo o indiciamento, uma das pessoas mais próximas a Epstein - a ponto de estar em "uma relação íntima com ele".
Outras duas acusações - de conspiração para tráfico sexual e tráfico sexual de menores - veio em uma emenda de indiciamento, referente ao período de 2001 a 2004.
Sarah Ransome, uma das supostas vítimas de Epstein, disse ao programa Panorama, da BBC, que Maxwell trabalhava proximamente ao financista.
"Ghislaine controlava as garotas. Ela era como uma cafetina. Ela era a engrenagem da operação de exploração sexual", disse Ransome.
A vida de Ghislaine Maxwell
Nascida nos arredores de Paris em 1961, Maxwell foi criada em uma mansão no interior britânico e cursou a Universidade de Oxford.
Ela é a filha mais nova de Robert Maxwell, magnata do setor de mídia.
Após a morte do pai, em 1991, Maxwell deixou o Reino Unido e foi morar nos EUA, onde trabalhou no mercado imobiliário e conheceu Jeffrey Epstein.
Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.