O julgamento de Ghislaine Maxwell por tráfico sexual de menores para o falecido financista Jeffrey Epstein começa nesta segunda-feira (29) em um tribunal federal de Manhattan, em meio a grandes expectativas e na presença da acusada.
A filha de 59 anos de Robert Maxwell, falecido magnata da imprensa britânica, enfrenta o risco de uma prolongada condenação se o júri a considerar culpada de recrutar menores de idade para a satisfação sexual de quem foi seu amante e amigo, Epstein, que se suicidou na prisão há mais de dois anos.
Vestida com suéter bege, calças pretas e máscara branca, Maxwell parecia nervosa, constantemente retirando e colocando seus óculos, colocando a mão na testa e fazendo comentários com seus advogados, observou um repórter da AFP.
Sua irmã Isabel também estava presente no julgamento.
"Meus clientes esperam que ela seja condenada por todas as acusações e que passe o resto de sua vida na prisão", disse a advogada Lisa Bloom, que representa uma suposta vítima de Maxwell, ao chegar ao tribunal.
Sarah Ransome, uma das supostas vítimas de Epstein e Maxwell, foi uma das primeiras a chegar ao tribunal.
Maxwell, que se declarou inocente, provavelmente não testemunhará no julgamento que deve durar até meados de janeiro.
Amigos importantes
Maxwell foi detida em julho de 2020, após a morte de Epstein, após a decisão da justiça dos Estados Unidos de perseguir os cúmplices do gestor bilionário e amigo de celebridades, entre elas o príncipe britânico Andrew, também envolvido no escândalo de abusos de menores.
Desde então, a "socialite" está detida na prisão Metropolitana do Brooklyn, onde já reclamou várias vezes das condições insalubres e desumanas em que vive.
As denunciantes, cujos nomes são mantidos em anonimato, acusam Maxwell de crimes que ocorreram entre 1994 e 2004. Duas tinham 14 e 15 anos na época em que afirmam que foram abusadas.
A acusação diz que Maxwell ganhava a confiança das jovens levando-as para fazer compras ou ao teatro e depois as persuadia para que dessem massagens em Epstein nuas em algumas de suas residências, antes de manter relações sexuais com ele em troca de dinheiro.
A Promotoria afirma que Maxwell às vezes participava dos supostos abusos tanto em sua casa de Londres como nas casas de Epstein em Manhattan, Palm Beach e Novo México.
O bilionário morreu aos 66 anos em uma prisão de Manhattan em agosto de 2019, enquanto aguardava um julgamento pelas acusações de tráfico sexual de menores, no que as autoridades de Nova York consideraram um suicídio.
Proteção contra covid-19
Devido à covid-19, as testemunhas poderão retirar suas máscaras ao prestar seu depoimento, uma vez que o farão em um cubículo de acrílico equipado com um filtro de ar. Os advogados farão isso de outro cubículo semelhante.
Da mesma forma, as testemunhas podem testemunhar sob um pseudônimo ou apenas fornecendo seu primeiro nome.
A ré se declarou inocente das seis acusações, incluindo de tráfico de menores. Mas se sua culpa for confirmada em todas as acusações, poderá ser condenada a 80 anos de prisão.
Até o final de 2022, Maxwell voltará a ser julgada por acusações de perjúrio, relacionadas a depoimentos que ela deu em 2016 em um caso de difamação movido contra ela por Virginia Giuffre, suposta vítima e uma das principais denunciantes de Epstein.
Giuffre alega que Epstein a emprestava para fazer sexo com amigos poderosos, como o príncipe Andrew, a quem denunciou em Nova York. Ela alega que o integrante da família real britânica fez sexo com ela há mais de 20 anos, quando tinha 17 anos.
Andrew, o segundo filho da rainha Elizabeth II, não foi acusado criminalmente e refutou essas acusações.
Sabe-se que Maxwell, amiga de Andrew por muitos anos, apresentou o príncipe a Epstein. Giuffre, agora com 38 anos, não faz parte da atual acusação contra Maxwell.
Espera-se que as quatro denunciantes, que se apresentarão no julgamento como vítimas menores 1, 2, 3 e 4, acusem Maxwell de operar uma rede de recrutamento de jovens que eram levadas a outros estados para fornecerem serviços sexuais a Epstein em troca de centenas de dólares.
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