O tribunal eleitoral da Nicarágua proclamou nesta sexta-feira (26) o presidente Daniel Ortega e a vice-presidente Rosario Murillo, sua esposa, os vencedores das eleições gerais de 7 de novembro, nas quais o presidente obteve seu quarto mandato consecutivo com seus adversários na prisão ou no exílio.
“Declaram-se eleitos de maneira efetiva como Presidente e Vice-Presidente da República da Nicarágua os cidadãos eleitos José Daniel Ortega Saavedra e Rosario Murillo Zambrana”, anunciou o Conselho Superior Eleitoral (CSE) em uma resolução, também publicada no diário oficial La Gaceta.
Com 99% dos votos apurados, o casal presidencial, que concorreu pelo partido governista Frente Sandinista (FSLN, esquerda), venceu com 75,87% dos votos e, em 10 de janeiro de 2022, tomará posse dos cargos por mais cinco anos.
As eleições, que aconteceram após a criminalização dos partidos de oposição e a prisão, sob acusações de conspiração e outros crimes, de dezenas de seus líderes, ativistas e empresários - entre eles sete pré-candidatos à presidência -, foram duramente criticadas pela comunidade internacional e pavimentaram o caminho para novas sanções contra o governo nicaraguense.
Ortega, que governou pela primeira vez durante a Revolução Sandinista, enfrentará em seu novo mandato um maior isolamento internacional.
Em 12 de novembro, a Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconheceu a legitimidade das eleições na Nicarágua, o que motivou Ortega a solicitar na semana passada a saída formal de seu país deste órgão regional em meio a acusações de "ingerência".
Os Estados Unidos proibiram Ortega de entrar em seu território. O presidente acusa Washington de apoiar protestos contra seu governo em 2018, que deixaram mais de 300 mortos, segundo grupos humanitários.
No documento, o CSE atualizou a taxa de participação registrada na Nicarágua, anunciando 65,26%, enquanto o grupo de observação "Urnas Abertas", próximo da oposição, registrou uma abstenção de 81%.
Ortega, um ex-guerrilheiro de 76 anos que governa desde 2007, terá novamente um Congresso dominado por 75 deputados sandinistas (de 91 cadeiras), cinco a mais do que no período 2017-2021.
Isso permitirá que o governo continue a aprovar com facilidade leis ordinárias, especiais e nomeações para altos cargos de liderança, além de fazer reformas na Constituição.
O Partido Liberal Constitucionalista (PLC, direita e aliado do governo) ficou como a segunda força parlamentar após obter 10 assentos.
O partido indígena Yatama ganhou uma cadeira, enquanto as cinco restantes foram ocupadas por três partidos de direita, tidos como colaboracionistas.
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