Julgamento

Acusado de cumplicidade no genocídio ruandês diz que desconhecia plano de massacre

Muhayimana, 60 anos, que em 1994 trabalhava como motorista do hotel Guest House em Kibuye (oeste de Ruanda), é acusado de "cumplicidade" em genocídio e crimes contra a humanidade

Agence France-Presse
postado em 23/11/2021 12:14 / atualizado em 23/11/2021 12:15
 (crédito: Thomas COEX / AFP)
(crédito: Thomas COEX / AFP)

O franco-ruandês Claude Muhayimana, julgado em Paris por "cumplicidade" no genocídio de tutsis em Ruanda em 1994, disse nesta terça-feira (23) que não sabia do planejamento dos massacres, garantindo que era um "mero motorista".

Muhayimana, 60 anos, que em 1994 trabalhava como motorista do hotel Guest House em Kibuye (oeste de Ruanda), é acusado de "cumplicidade" em genocídio e crimes contra a humanidade.

A acusação afirma que ele ajudou "conscientemente" os militares e milicianos, garantindo o seu transporte até aos locais onde cometeram o massacre de membros da minoria tutsi.

Durante o segundo dia de julgamento na França, o presidente do tribunal perguntou repetidamente ao réu, que enfrenta prisão perpétua, se ele conhecia o plano de extermínio.

"Não é fácil, mas tentarei responder", declarou Muhayimana. “Como você quer que um simples motorista como eu coloque em prática uma ação planejada? Não é possível. Eu não tinha esta autoridade”, acrescentou.

Dada a insistência do presidente do tribunal, a defesa protestou contra uma questão que qualificou como confusa para o seu cliente.

Um intérprete fez a pergunta novamente na língua kiñaruanda. “O que sei hoje é que houve um genocídio, mas não sei se foi planejado”, reiterou Muhayimana, que reside na França, cuja nacionalidade obteve em 2010.

O regime extremista Hutu planejou o genocídio da minoria tutsi, cometido de abril a julho de 1994.

Mais de 800.000 pessoas foram exterminadas, em uma das piores tragédias do século XX. O julgamento, que deve durar um mês, é o primeiro na França contra um cidadão comum.

Os dois anteriores resultaram em prisão perpétua para dois ex-prefeitos em 2016 e 25 anos de prisão para um ex-capitão do exército em 2014.

 

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