Um gesto tão simples como abrir a palma da mão e esconder o polegar sob os dedos pode salvar uma vida.
Foi exatamente o que fez na última sexta-feira uma mulher de meia-idade acompanhada de um homem em um centro médico de Barcelona, na Espanha.
Uma das enfermeiras percebeu o pedido de socorro e chamou a segurança. A polícia não demorou muito a chegar e a mulher acabou por fazer um boletim de ocorrência contra o companheiro.
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Ela disse que sofreu ameaças contínuas e que os maus-tratos, às vezes físicos, já aconteciam há muito tempo. Diante disso, os agentes prenderam o suposto agressor.
É a primeira vez que esse sinal não verbal de ajuda leva a uma prisão na Espanha. Mas não se trata do único país em que o gesto se popularizou.
O sinal é conhecido como #SignalForHelp (Sinal por ajuda, em tradução livre para o português) e significa: "Preciso de ajuda, violência baseada em gênero".
Ele foi criado para a Canadian Women's Foundation, uma ONG de proteção a mulheres sediada no Canadá, por uma agência de publicidade de Toronto.
O objetivo era abordar o aumento dos casos de violência doméstica durante a pandemia, principalmente nos primeiros confinamentos, e seu uso desde então vem se popularizando.
Em 3 etapas
O gesto é feito em três etapas: a vítima levanta a mão com a palma voltada para fora, depois dobra o polegar e, por fim, fecha os outros dedos sobre ele, encapsulando-o para se referir a "sentir-se preso ou confinado".
A palma da mão deve apontar para a pessoa a quem se pede ajuda.
Segundo Andrea Gunraj, vice-presidente de Compromisso Público da Canadian Women's Foundation, a ideia era conceber "um gesto simples com uma das mãos que pudesse ser usado (inicialmente, em videochamadas) sem deixar rastros digitais, e que seria muito útil quando alguém estivesse preso em uma casa violenta", disse ela à emissora pública canadense CBC.
Para chegar ao sinal mais adequado, foram analisados diferentes movimentos, outros gestos de mão e linguagens de sinais internacionais, acrescentou Graham Lang, diretor de criação da agência de publicidade Juniper ParkTBWA, que trabalhou no desenvolvimento da campanha.
"Era fundamental que fosse único e diferente para não causar confusão entre línguas e culturas".
Um gesto internacional
O gesto vem se espalhando desde o lançamento da campanha, em abril de 2020.
Uma adolescente de 16 anos que foi dada como desaparecida por seus pais em 2 de novembro em Asheville, Carolina do Norte (Estados Unidos), o usou para alertar sobre o perigo que corria.
Uma pessoa que chamou a polícia observou que a jovem "parecia perturbada" e que o motorista era um homem mais velho. As autoridades prenderam o homem de 61 anos, acusado de ter sequestrado a adolescente.
"Foi um grande alívio saber que essa jovem foi capaz de fazer o gesto e que as pessoas entenderam o que estava acontecendo", disse Gunraj.
A notícia se espalhou rapidamente pela plataforma TikTok.
Vídeos mostrando o sinal de ajuda também foram amplamente divulgados no Reino Unido, especialmente após o assassinato da jovem Sarah Everard em março, o que gerou um debate sobre a segurança das mulheres nas ruas do país.
Segundo o site de notícias publicitárias AdAge, desde o lançamento da campanha, o sinal de socorro contra a violência foi compartilhado em mais de 40 países, e mais de 200 organizações internacionais o adotaram.
Gunraj disse que a entidade ouviu falar de pessoas que viram o gesto e conseguiram agir e garantir que a vítima recebia apoio.
A ideia é que o sinal continue a ser utilizado globalmente, por isso a Canadian Women's Foundation criou imagens e instruções em inglês, francês e espanhol, com o objetivo de que ele possa continuar a ser compartilhado em todo o mundo.
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