A Câmara dos Deputados do Chile aprovou nesta terça-feira (9), após um debate de várias horas, o julgamento político contra o presidente Sebastián Piñera por seu vínculo com a polêmica venda da mineradora Dominga nas Ilhas Virgens, um paraíso fiscal, revelada no escândalo 'Pandora Papers'.
Os parlamentares conseguiram reunir os 78 votos necessários para que a acusação que busca o impeachment do presidente do Chile avance ao Senado.
Ao concluir a defesa no plenário, o advogado de Piñera, Jorge Gálvez, afirmou: "Eu peço, ilustres deputados e deputadas, que rejeitem esta injusta e improcedente acusação constitucional”
A acusação constitucional, como é conhecido no Chile este recurso que busca a destituição do presidente Piñera - que está na reta final de seu segundo mandato, iniciado em março de 2018 -, foi apresentada na primeira semana de outubro pela oposição socialista e de esquerda ao governo.
O debate começou às 10H25 da manhã de segunda-feira com o deputado socialista Jaime Naranjo, que leu durante 15 horas as 1.300 páginas da acusação para argumentar a ação legislativa contra o presidente e, em suas palavras, para que no Chile "termine a impunidade" dos que têm o poder. Esta foi uma das frases mais ouvidas e têm um grande significado no país desde a crise social de 2019.
Ao destacar que no caso Dominga aconteceu uma suposta negociação incompatível com o cargo, Naranjo declarou: "Atuando como presidente se beneficiou (a ele) e sua família de forma direta, com as informações que tinha no exercício de seu cargo. E continuou negociando e fez subir o preço da Dominga".
A operação aconteceu em 2010, quando Piñera estava em sue primeiro mandato como presidente.
Agora, a acusação contra o presidente segue para o Senado, que aturará como júri para definir o futuro de Piñera, embora neste caso não teria os votos necessários para a destituição e sua inabilitação pelo resto da vida para assumir cargos públicos.
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