Em uma votação durante a madrugada, o Parlamento de Israel aprovou nesta quinta-feira (4) o orçamento para 2021, o primeiro em três anos, mas a heteróclita coalizão de governo ainda precisa conseguir a aprovação para as contas de 2022.
"Um dia de celebração para o Estado de Israel", tuitou após a votação o o primeiro-ministro Naftali Bennett, que liderou uma aliança de oito partidos para derrotar o longevo Benjamin Netanyahu em junho.
"Depois de anos de caos, nós formamos um governo, controlamos a (variante do coronavírus) delta e agora, graças a Deus, aprovamos um orçamento para Israel", completou.
Durante uma pausa entre os debates para a aprovação do orçamento de 2022, Bennett aproveitou para afirmar que este "será votado em breve".
Sua eleição em junho encerrou uma estagnação política iniciada em dezembro de 2018 em Israel, com quatro eleições antecipadas no período, durante o qual nenhum orçamento foi aprovado.
Muito estava em jogo para o líder da direita nacionalista, cuja coalizão com centristas, esquerdistas, islamitas, entre outros, tem apenas 61 das 120 cadeiras do Parlamento.
Se o orçamento não fosse aprovado até 14 de novembro, o Parlamento seria dissolvido automaticamente e o país seria obrigado a convocar as quintas eleições em três anos.
Mas, após uma série de votações ao longo da tarde e noite, o Parlamento aprovou o orçamento de 2021 às 5H00 (0H00 de Brasília).
O jogo, no entanto, ainda não acabou e os deputados devem retomar o debate nesta quinta-feira sobre o orçamento de 2022, que pode ser votado na sexta-feira ou até no domingo.
Para Yonatan Freeman, professor de ciências políticas da Universidade Hebraica de Jerusalém, agora há "muitas chances" de que esse orçamento seja aprovado.
Apoio de partido árabe
"Ainda temos uma longa jornada pela frente", escreveu no Twitter o ministro das relações Exteriores, Yair Lapid, líder do partido centrista Yesh Atid.
Ao lado de Bennett, Lapid é considerado o principal idealizador da histórica aliança entre oito partidos que, em junho, destronou Netanyahu do poder e acabou com três anos instabilidade no país.
Além de políticos de direita, centro e esquerda, o governo tem o apoio pela primeira vez na história de um partido árabe, a formação Raam, liderada por Mansour Abbas, que foi crucial para alcançar os 61 votos necessários para a aprovação do orçamento.
Os analistas atribuem este apoio ao plano aprovado recentemente pelo governo para ajudar com mais de 9 bilhões de dólares a minoria árabe israelense, que representa 20% da população.
A imprensa israelense relatou tentativas da oposição, liderada pelo partido de direita Likud de Netanyahu, de convencer um deputado do governo a votar contra o orçamento.
Na terça-feira, centenas de manifestantes de direita protestaram no centro de Tel Aviv para denunciar um orçamento "corrupto".
Os parlamentares passaram por um momento engraçado quando Netanyahu votou por engano na coalizão. "Qualquer um pode se equivocar ao votar, basta perguntar aos eleitores de Bennett", escreveu o líder da oposição no Twitter.
Mas a pressão popular e as manobras da oposição não conseguiram impedir a aprovação do orçamento.
As contas preveem gastos de 609 bilhões de shekels (194 bilhões de dólares) para 2021. Para o próximo ano, o orçamento é de 573 bilhões de shekels (US$ 183 bilhões de dólares).
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