O juiz encarregado da investigação sobre a explosão no porto de Beirute em 2020 teve de suspender as investigações, nesta quinta-feira (4), pela terceira vez, após o recurso de um ex-ministro - disse uma fonte judicial à AFP.
Tareq Bitar está sob intensa pressão, sobretudo, por parte do poderoso grupo pró-iraniano Hezbollah, que o acusa de politizar a investigação da explosão em que morreram mais de 215 pessoas, e exige sua substituição.
O assunto paralisa o governo, que não se reúne há três semanas, devido às exigências do Hezbollah. Episódios de violência deixaram sete mortos em 14 de outubro.
O magistrado "foi informado pelo Tribunal de Cassação sobre o recurso apresentado pelo ex-ministro Youssef Fenianos (...) que o obrigou a suspender a investigação", afirmou a fonte judicial.
Bitar emitiu um mandado de prisão em setembro contra o ex-ministro de Obras Públicas, mas que não foi executado depois que ele se recusou a comparecer.
Lideranças políticas de todos os partidos se negam a serem interrogadas pelo juiz, ainda que as autoridades atribuam a tragédia ao armazenamento de grandes quantidades de nitrato de amônio sem medidas de precaução. Bairros inteiros foram destruídos na deflagração.
Ao todo, os políticos acusados apresentaram 15 denúncias contra o juiz Bitar para obstruir a investigação, afirmou a mesma fonte judicial. Com isso, ele foi forçado a suspender suas investigações em outubro e em setembro.
Alguns temem que aconteça com este juiz o mesmo que seu antecessor Fadi Sawan, destituído do cargo em fevereiro, após formalizar a acusação contra funcionários de alto escalão do governo.
Familiares das vítimas e ONGs acusam as autoridades de dificultarem as investigações para evitar acusações.
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