A Alemanha registrou nesta quinta-feira (4) um recorde de infecções diárias desde o surgimento da pandemia de coronavírus no país, com um total de 33.949 casos em 24 horas, informou o instituto de vigilância sanitária Robert Koch.
O recorde anterior foi alcançado em dezembro de 2020, quando se chegou a 33.777 novos casos.
Ao todo, a Alemanha acumula mais de 4,6 milhões de casos desde o início da pandemia no território. Segundo o governo, neste momento, o país enfrenta uma quarta onda muito severa que afeta os não vacinados.
O instituto contabilizou 165 mortes nas últimas 24 horas, elevando para para 96.192 o número total de óbitos pela pandemia no país.
Nesta quinta-feira, a taxa de incidência na Alemanha era de 154,5 a cada 100 mil habitantes. Em regiões como Saxônia e Turíngia com níveis acima de 300 por cada 100 mil habitantes.
"A situação é grave", disse Helge Braun, um colaborador próximo da chanceler Angela Merkel, em entrevista ao canal público da ZDF.
"Já estamos constatando uma carga enorme (nos hospitais) na Turíngia e na Saxônia", ambas no leste do país, relatou.
"O importante é que os cidadãos entendam que o inverno (verão no Brasil) será, de novo, problemático, infelizmente", acrescentou este médico de formação, pedindo "prudência" à população.
O ministro da Saúde e seus colegas das diferentes regiões da Alemanha se reúnem hoje e sexta-feira em Lindau (sul) para decidir sobre novas medidas de restrição.
O novo surto da pandemia ocorre em um delicado contexto político no país, com um governo interino com funções limitadas. Ainda se espera a formação de um novo Executivo, após as eleições legislativas de setembro passado.
No momento, há negociações em curso para uma coalizão entre social-democratas, verdes e liberais.
A chanceler Angela Merkel, em final de mandato, disse estar "muito preocupada" com esta evolução e "muito triste" com o elevado número de pessoas com mais de 60 anos não vacinadas. Ela também advertiu contra o retorno "de uma certa despreocupação", por parte dos alemães, em relação à covid-19.
O ministro da Saúde, Jens Spahn, pediu às autoridades de todas as regiões do país, competentes em matéria de saúde, que endureçam as regras para os não vacinados, proibindo o acesso a determinados locais, ou encarecendo o valor do teste de PCR.
Alguns, como a Saxônia e Baden-Wurttemberg, já adotaram novas medidas restritivas, ou estão perto de anunciá-las.
Também nesta quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou sua preocupação com o ritmo "muito preocupante" de transmissão da covid-19 na Europa, neste momento. A expectativa é que, se este quadro se mantiver, mais cerca de meio milhão de mortes poderão ser registradas até fevereiro de 2022.
"Estamos, de novo, no epicentro", advertiu o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, em entrevista coletiva virtual.
"O ritmo atual de transmissão nos 53 países que formam a região europeia é muito preocupante (...) Se mantivermos esta trajetória, poderemos ter outro meio milhão de mortos por covid-19 na região até fevereiro", acrescentou.
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