O governo da Colômbia anunciou neste sábado (23) a captura do narcotraficante mais procurado do país, Dairo Antonio Úsuga (codinome 'Otoniel'), por quem os Estados Unidos ofereciam uma recompensa de cinco milhões de dólares.
"Este é o golpe mais duro que se desferiu no narcotráfico neste século no nosso país (...) comparável somente com a queda de Pablo Escobar", comemorou o presidente, Iván Duque, em mensagem à nação.
Cerca de 500 homens, apoiados por 22 helicópteros, foram mobilizados no município de Necoclí (noroeste) para executar a operação, na qual morreu um policial.
Foi "a mais importante inserção na selva que se viu na história militar do nosso país", afirmou Duque.
Uma transmissão ao vivo da polícia nas redes sociais mostrou o momento do desembarque do narcotraficante de 50 anos em Bogotá, algemado e cercado por vários agentes. Ele foi levado para um edifício da instituição em meio a grandes medidas de segurança.
Nas últimas semanas, 'Otoniel' "não chegava a ter nenhuma casa, dormindo em condições de chuva sem se aproximar de residências", detalhou o diretor da polícia, general Jorge Vargas.
A queda do líder da maior quadrilha de traficantes da Colômbia é o principal êxito do governo do presidente conservador no combate ao crime organizado no país que mais exporta cocaína no mundo.
"Sobre este delinquente há ordens de extradição e trabalharemos com as autoridades para cumprir também esta missão", antecipou o presidente.
Otoniel, denunciado pela justiça americana em 2009, é requisitado por tráfico de drogas pela corte do Distrito Sul de Nova York.
Empresa criminosa
Úsuga lidera um grupo de paramilitares que se autodenomina Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC), presente em quase 300 cidades do país, segundo o centro de estudos independente Indepaz.
O líder do tráfico foi capturado em uma área próxima da fronteira com o Panamá e um dos principais redutos das AGC, também conhecidas como Clã do Golfo.
O governo aponta o grupo, que se financia principalmente com o narcotráfico, o garimpo ilegal e a extorsão, como um dos responsáveis pela onda de violência que assola o país, a pior desde a assinatura de um acordo de paz com a guerrilha das Farc, em 2016.
"Terá que ser o fim desta organização que fez tanto mal aos colombianos", disse o general Vargas.
Perseguição feroz
Em 2017, 'Otoniel' tinha anunciado a intenção de chegar a um acordo para se apresentar à justiça, mas o governo respondeu com uma perseguição feroz, da qual participaram pelo menos 1.000 militares.
A organização foi dizimada em uma série de investidas das autoridades contra o círculo próximo do líder do narcotráfico, que se escondida dormindo na selva e descartando o uso de telefones, segundo a polícia.
'Otoniel' passou a chefiar o Clã do Golfo após a morte de seu irmão, Juan de Dios, aliás 'Giovanni', em confrontos com a polícia em 2012. Ele combateu junto ao Exército Popular de Libertação, uma guerrilha marxista desmobilizada em 1991.
Voltou a combater junto a grupos paramilitares de extrema direita, que semearam terror nos anos 1990 com massacres e atrocidades cometidas em sua luta contra as guerrilhas de extrema esquerda.
Muitos destes grupos de autodefesa se desmobilizaram em 2006 por iniciativa do governo de Álvaro Uribe (2002-2010). Mas 'Otoniel' decidiu se manter na ilegalidade.
Após meio século de luta contra o narcotráfico, a Colômbia permanece como o principal produtor mundial de cocaína e os Estados Unidos, como o maior consumidor da droga.