As comparações adotadas por Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, indicaram como Angela Merkel é respeitada pelos demais líderes da União Europeia (UE). A chanceler alemã foi ovacionada de pé pelos demais colega, no início da cúpula de dirigentes do bloco, em Bruxelas. “As cúpulas dos 27 (países-membros) sem Angela são como Roma sem o Vaticano, ou Paris sem a Torre Eiffel”, declarou. “Espero que você não se incomode com esta cerimônia por ocasião de sua última cúpula. (…) Sua despedida da cena europeia nos afeta politicamente e nos enche de emoção”, acrescentou o ex-primeiro-ministro belga. Michel saudou a sabedoria da chefe de governo da Alemanha e disse que ela fará falta aos europeus, “particularmente nos tempos difíceis”. A cúpula desta sexta-feira (22/10) foi a 107ª e última de Merkel, depois de 16 anos no poder.
O discurso foi ovacionado pelos chefes de Estado e de Governo reunidos desde quinta-feira. Uma obra do jovem designer franco-holandês Maxim Duterre, evocando o edifício do Conselho que acolhe as cimeiras, foi-lhe entregue de presente, assim como ao seu colega sueco Stefan Löfven, também de partida. Para esta última cúpula, onde a Polônia estava na berlinda por suas violações do Estado de Direito, a líder alemã foi fiel à sua linha, ao pedir o diálogo com Varsóvia.
Imigração
Ontem, os líderes europeus se concentraram em discutir a política de migração da UE. Os líderes, particularmente dos países do leste do bloco, acusam o governo da Bielorrússia de utilizar a migração clandestina como uma arma política, permitindo a passagem de migrantes para países vizinhos. Lituânia e UE acusam o governo do bielorrusso Alexander Lukashenko de permitir a passagem de imigrantes clandestinos procedentes do Oriente Médio e da África como represália pelas sanções impostas pela UE.
Por isso, vários países passaram a defender com todas as letras a necessidade de implementar “barreiras” nas fronteiras externas da UE, uma ideia extremamente sensível no bloco. Em carta à Comissão Europeia, 12 países também pediram que a construção e instalação dessas “barreiras” sejam financiadas com dinheiro da própria União Europeia. Neste sentido, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, acabou com qualquer dúvida: “Fui muito clara que não haverá financiamento para arame farpado ou muros” contra migrantes, disse.
Depois de várias horas de discussões em busca de um consenso, a declaração adotada ontem menciona que a “UE permanece determinada a garantir um controle eficaz de suas fronteiras externas”, mas sem mencionar outros detalhes. O documento também “convida a Comissão” Europeia a propor eventuais mudanças no marco legal para permitir “medidas concretas apoiadas no suporte financeiro adequado, além de uma resposta imediata e adequada”.