Alemanha

Social-democratas, verdes e liberais estabelecem o governo na Alemanha

Os três partidos começam a virar a página do governo Angela Merkel e a esboçar a política que desejam levar adiante

Os social-democratas, que ficaram em primeiro lugar nas eleições legislativas alemãs, os verdes e os liberais anunciaram nesta sexta-feira (15) que alcançaram um acordo preliminar com o objetivo de formar um novo governo, que será liderado por Olaf Scholz.

Os impostos não serão elevados, os limites de endividamento público serão respeitados e o fim do uso de carvão será antecipado na Alemanha: os três partidos começam a virar a página do governo Angela Merkel e a esboçar a política que desejam levar adiante.

Com base no documento apresentado nesta sexta-feira, os três partidos, com programas muito diferentes, vão aprofundar as conversas e iniciar negociações oficiais que abordarão, ponto a ponto, todos os detalhes da futura aliança.

Caso as negociações avancem da maneira desejada, uma coalizão dos três partidos assumirá o poder na Alemanha antes do fim do ano.

E a união conservadora CDU-CSU de Angela Merkel corre o risco de passar para a oposição, depois de 16 anos de poder, o que resultará em meses difíceis, entre ajustes de contas e definição de uma nova linha política.

Coalizão inédita

"Conseguimos, de fato, chegar a um acordo sobre um documento. É um resultado muito bom. Isso mostra, claramente, que se pode formar um governo na Alemanha", comemorou o líder social-democrata Olaf Scholz, provável futuro chanceler, em declaração à imprensa ao lado dos dirigentes do Partido Verde e do Partido Democrático Liberal.

A copresidente do Partido Verde, Annalena Baerbock, citou uma "proposta de coalizão de reforma e progresso", enquanto o líder liberal, Christian Lindner - possível ministro da Economia do futuro governo - celebrou a "oportunidade de modernizar a sociedade, a economia e o Estado".

Os três partidos, que formariam uma coalizão inédita para governar a Alemanha, elaboraram um documento de uma dezena de páginas para recapitular seus pontos de acordo e as reformas que pretendem organizar nos próximos quatro anos.

O documento preliminar prevê que os impostos não serão elevados - uma linha vermelha para os liberais - e a manutenção dos limites de endividamento público. Além disso, social-democratas, verdes e liberais querem antecipar o fim do uso de carvão na Alemanha de 2038 para 2030.

"Para respeitar os objetivos de proteção do clima, precisamos de uma saída acelerada da produção de energia elétrica com carvão", afirmam.

Esta é uma concessão importante aos Verdes, que ficaram em terceiro lugar nas legislativas de setembro, e que são, ao lado do Partido Democrático Liberal (FDP) - quarto mais votado - essenciais nas negociações para formar a coalizão de governo.

A coalizão é apoiada por 62% dos alemães, de acordo com uma pesquisa publicada nesta sexta-feira.

E a popularidade de Scholz é ainda maior: 75% dos entrevistados consideram positivo o seu nome como o novo chanceler.

Se a coalizão concretizar a chegada ao poder, os partidos terão muito trabalho em um cenário delicado para a economia alemã, fragilizada pela escassez de matérias-primas e componentes.

O objetivo de uma redução drástica das emissões vai exigir muitos investimentos nos setores de construção e transporte.

A formação de um novo governo na Alemanha é esperada com impaciência pelos aliados do país, que temem uma paralisação, especialmente da União Europeia, em caso de prorrogação do vazio político em Berlim.