Cerca de cem países adotaram, nesta quarta-feira (13), a Declaração de Kunming, um texto liderado pela China, reflexo de suas ambições na proteção da natureza.
A pandemia de coronavírus obrigou o desenvolvimento da COP15 em duas partes: a primeira ocorre até sexta-feira (15) paralelamente em Kunming (sudoeste da China) e por videoconferência. A segunda parte está prevista de forma presencial para abril-maio de 2022.
A China, que assumiu oficialmente a presidência da COP15 na segunda-feira, promoveu a adoção de um texto sem caráter restritivo que "recorre ao consenso e prova que os diferentes Estados trabalham juntos" em um contexto de pandemia, afirmou o vice-ministro chinês de Meio Ambiente, Zhao Yingmin, em coletiva de imprensa em Kunming.
Para Lin Li, da ONG WWF, essa declaração "afirma uma vontade política e acrescenta a ambição necessária que marca o caminho a ser seguido para enfrentar a perda de biodiversidade", mas "os governos têm que transformar essas palavras em ações".
O texto "não possui progressos suficientes na maioria dos temas polêmicos", apesar "das tímidas tentativas", lamenta An Lambrechts, do Greenpeace, em nota.
Essa Declaração de Kunming retoma parcialmente os objetivos do texto discutido atualmente pelos 196 membros da CDB, a Convenção sobre a Biodiversidade.
O objetivo da COP15 é conseguir um marco para restabelecer a biodiversidade até 2030 e que seja possível "viver em harmonia com a natureza" em 2050.
"Os apelos para agir e essa declaração antecipam a ambição e o dinamismo necessários para as negociações, assim como um marco eficaz", afirmou a secretária executiva da CDB, Elizabeth Maruma Mrema, na coletiva de imprensa em Kunming.
Maruma Mrema afirma que lições foram aprendidas com a falta de cumprimento por parte dos Estados de seus compromissos de conservação nesses últimos dez anos, o que agravou ecossistemas fundamentais para a espécie humana.
Os objetivos negociados agora são "simples, em uma linguagem clara e com elementos para quantificá-los", explicou a secretária executiva da CDB.
É necessário ter entre US$ 722 bilhões e US$ 967 bilhões, até 2030, para financiar a conservação da biodiversidade mundial. Até o momento, segundo a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), apenas US$ 124 bilhões a US$ 143 bilhões são dedicados a este objetivo.
Alguns países, como a China, prometeram fornecer mais dinheiro. Pequim vai criar um fundo de US$ 233 milhões para proteger a biodiversidade nos países em desenvolvimento. O Japão prometeu injetar quase US$ 16 milhões em seu fundo.