O Ministério Público da Bolívia adiou nesta quarta-feira (6) o depoimento do governador de Santa Cruz, o opositor Luis Fernando Camacho Vaca, que estava previsto para amanhã. O político é acusado de participar de um suposto golpe de Estado contra Evo Morales em 2019.
O procurador Omar Mejillones afirmou hoje que o depoimento de Camacho foi "reprogramado, com data a ser definida", pois, segundo ele, o pai do governador, Luis Fernando Camacho Parada, deve ser ouvido antes.
Lidia Patty, ex-deputada do partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), acusou os Camacho dos crimes de "rebelião e terrorismo" em um suposto golpe de Estado contra o ex-presidente em novembro de 2019, após as eleições, tachadas de fraudulentas, nas quais o então chefe de Estado havia sido reeleito, depois de 14 anos no poder.
O governador Camacho, juntamente com seu pai, deveria ir para La Paz, a fim de que ambos comparecessem ante o Ministério Público.
Por este mesmo caso estão detidos há mais de seis meses a ex-presidente Jeanine Áñez, sucessora de Morales, dois de seus ministros, além de vários comandantes militares e policiais.
Com a chegada prevista de Camacho a La Paz, circularam diferentes informações que previam distúrbios nas ruas da cidade. Hoje, um vídeo divulgado nas redes sociais mostrava quatro encapuzados, supostamente indígenas, ameaçando a vida de Camacho.
Além disso, um boneco representando o governador foi colocado em uma das principais avenidas de La Paz com a mensagem: "Facho [fascista] encontrado, Camacho pendurado".
O ministro do Interior, Eduardo del Castillo, revelou ontem (5) que o serviço de inteligência do Estado detectou "a existência de grupos que desejam atentar contra a vida" de Camacho, mas deu garantias ao político de que lhe oferecerá proteção e segurança.
Jerjes Justiniano, advogado de Camacho, exigiu que Del Castillo, cuja pasta é responsável pela segurança pública, esclarecesse a questão: "se existe um grupo que atenta contra Camacho, por que o ministro ainda não desbaratou essa gangue?"
Simpatizantes do governo e da oposição também organizam manifestações para a próxima semana: a oposição convocou um protesto para o próximo domingo (10) e uma greve para segunda-feira (11), enquanto os governistas promovem uma marcha para o dia 12.
Os adversários do governo asseguram que existe uma campanha de perseguição política por parte da Justiça boliviana, e também rejeitam uma lei contra a legitimação de ganhos financeiros, que consideram draconiana.