O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, investigado por corrupção, é suspeito de ter usado verba do governo para garantir uma cobertura midiática favorável a ele.
"Sebastian Kurz e outros nove suspeitos, assim como três organizações" são alvo de uma investigação por crimes de corrupção relacionados a este caso, informou nesta quarta-feira (6) a Procuradoria em um comunicado.
Pela manhã, o ministério das Finanças e a sede do partido conservador ÖVP foram revistados, entre outros.
Entre 2016 e 2018 "foram usados recursos do ministério para financiar pesquisas de opinião parcialmente manipuladas que serviram um interesse político exclusivamente partidário", considerou a Procuradoria.
Naquele período, Sebastian Kurz não era chanceler, mas fazia parte do governo como ministro das Relações Exteriores.
Segundo a Procuradoria, foram publicados artigos elogiosos e pesquisas de opinião favoráveis a Kurz em troca da compra de espaços publicitários por parte do Ministério das Finanças, que naquele momento estava nas mãos dos conservadores.
A imprensa austríaca afirma que se trata do jornal sensacionalista Österreich.
Kurz já está sendo investigado por fazer declarações falsas à comissão parlamentar sobre a corrupção, mas até o momento não foi indiciado.
"Acusações inventadas"
O dirigente de 35 anos, que assistia nesta quarta-feira a uma cúpula europeia na Eslovênia, denunciou "acusações inventadas".
"Alguns fragmentos de mensagens de texto foram tirados de contexto ou distorcidos e foi criado um dossiê criminoso em torno deles", destacou em uma declaração transmitida pela AFP.
Este novo tema poderia afetar a aliança entre conservadores e os ecologistas.
Um deputado conservador atribuiu a investigação a "grupúsculos esquerdistas" dentro da Procuradoria.
O presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, do partido ecologista, reagiu: "A suspeita generalizada de parcialidade em relação à Procuradoria expressa por um parlamentar representa ultrapassar os limites de forma inadmissível".
O vice-chanceler originário dos Verdes, Werner Kogler, considerou que estas revelações não afetam por enquanto o trabalho da coalizão.
Mas lamentou os ataques dos conservadores à justiça, um ministério dirigido pelos ecologistas, e defendeu a independência dos juízes na Áustria.
Tornado chanceler pela primeira vez em dezembro de 2017, Sebastian Kurz perdeu seu principal parceiro da coalizão, o partido de extrema direita FPÖ, devido a um escândalo de corrupção de maio de 2019 conhecido como Ibizagate.
Ele voltou ao poder em janeiro de 2020 pelas mãos dos Verdes.