Várias centenas de manifestantes com bandeiras iraquianas e retratos de "mártires" protestaram nesta sexta-feira (1º) em Bagdá para comemorar o segundo aniversário de um levante popular sem precedentes que terminou em uma repressão violenta.
A mobilização ocorre a poucos dias das eleições legislativas antecipadas de 10 de outubro, uma das poucas concessões do governo para acalmar as ruas após o movimento de protesto de outubro de 2019, que denunciou a corrupção endêmica, o desemprego juvenil e a decadência dos serviços públicos.
Os manifestantes, cercados por um grande contingente de policiais antidistúrbios, marcharam para a praça Tahrir, epicentro dos protestos no coração de Bagdá, informou uma equipe da AFP.
Os manifestantes, entre eles mulheres vestidas de preto, agitavam bandeiras iraquianas e fotos das vítimas da repressão, que deixou oficialmente cerca de 600 mortos e 30.000 feridos.
Após reunir dezenas de milhares de manifestantes que acamparam em Tahrir, a revolta perdeu fôlego sob a repressão e com o início da pandemia de coronavírus.
Ibrahim, de 20 anos, participou da manifestação desta sexta-feira "em memória dos mártires" e "dos massacres cometidos pelo governo contra os jovens pacifistas".
Ele afirmou que não vai votar. "As eleições reproduzirão o mesmo sistema corrupto e os mesmos partidos corruptos. Só mudam os nomes e as caras", disse.
No sul do país, centenas de pessoas se mobilizaram em uma praça emblemática de Nasiriya, reduto dos protestos contra o governo, onde 128 pessoas morreram na repressão.