Os presidentes de Estados Unidos e França, Joe Biden e Emmanuel Macron, selaram sua reconciliação nesta sexta-feira (29) em Roma, durante sua primeira reunião após a crise dos submarinos.
O encontro ocorreu na sede da embaixada da França na Santa Sé e foi marcado por sorrisos e apertos de mão. "Temos que olhar para o futuro", disse Macron ao receber Biden na residência Villa Bonaparte.
O presidente francês elogiou as "decisões concretas" tomadas, que "geram um processo de confiança" entre França e Estados Unidos, disse. "A confiança é como o amor. As declarações são boas, as provas são melhores", completou Macron.
Por sua vez, Biden reconheceu que os Estados Unidos foram "desajeitados" no caso do contrato de submarinos que provocou a indignação da França, parceiro que considera "extremamente valioso", afirmou diante dos jornalistas credenciados.
O caso surgiu quando o presidente dos Estados Unidos anunciou uma nova aliança na região Indo-Pacífica com Austrália e Reino Unido, que prejudicou um megacontrato de submarinos entre Paris e Canberra, uma vez que esta última optou pelos submarinos americanos. Autoridades francesas denunciaram uma "punhalada" e uma "quebra de confiança".
França e Estados Unidos querem virar a página na crise dos submarinos, que chegou a esfriar a relação entre o governo americano e a União Europeia. Em comunicado conjunto divulgado após a reunião, os dois países se comprometeram a promover "uma colaboração bilateral sobre as energias limpas" até o fim do ano.
Entre o G20 e a COP26
Os dois líderes decidiram se reunir na capital italiana por causa da cúpula do G20, nos dias 30 e 31, e da conferência COP26 sobre mudanças climáticas no início de novembro, em Glasgow, Reino Unido, eventos dos quais participarão pessoalmente.
Macron e Biden já haviam conversado por telefone em 22 de setembro sobre a crise bilateral causada pela decisão da Austrália de renunciar ao contrato com a França e comprar submarinos dos Estados Unidos. Nessa ocasião, eles se "comprometeram" a reconstruir a confiança entre Paris e Washington, e o presidente dos Estados Unidos reconheceu que "consultas abertas entre os aliados" teriam evitado essas tensões.
Macron decidiu então que o embaixador francês nos Estados Unidos, Philippe Etienne, o qual havia chamado para consultas, retornaria a Washington, um gesto para amenizar a mais grave crise diplomática entre os Estados Unidos e a França desde o "não" francês à guerra do Iraque em 2003 .
Biden, que espera consolidar a aliança com a Europa nesta viagem, após a distância gerada por seu antecessor Donald Trump, também se encontrou nesta sexta-feira com o chefe de governo italiano, Mario Draghi.
Durante a reunião, eles concordaram sobre "a utilidade de desenvolver uma defesa europeia", conforme informou o governo da Itália em um comunicado.
A crise com a França gerou um debate em vários países da União Europeia sobre a necessidade de uma maior soberania europeia em matéria de defesa, visando se libertar do guarda-chuva americano.
Essas reuniões bilaterais servem de pano de fundo para o G20, durante o qual se espera que as principais potências econômicas anunciem um acordo para impor um imposto mínimo às multinacionais.
Por outro lado, persiste uma incerteza sobre a cúpula climática COP26 que começa na segunda-feira. Os líderes mundiais estão sob uma pressão sem precedentes para descarbonizar suas economias e traçar para a humanidade um caminho para longe do catastrófico aquecimento global.
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