O Chile comemora nesta segunda-feira (25) o segundo aniversário da histórica marcha que reuniu mais de um milhão de pessoas em Santiago, durante os protestos sociais que sacudiram o país em 2019 e levaram à aprovação de uma assembleia para redigir uma nova Constituição.
Em 18 de outubro daquele ano, a população chilena começou a ocupar as ruas para pedir saúde universal, educação pública de qualidade e aposentadorias dignas em um país onde, durante a ditadura Augusto Pinochet, vigorou um plano de caráter neoliberal que, apesar de ter gerado um grande desenvolvimento nos últimos 30 anos, também acentuou as diferenças sociais.
Após semanas de protestos em todo o país, marcados por incidentes violentos, incêndios e saques, em 25 de outubro de 2019, 1,2 milhão de pessoas compareceram ao centro de Santiago, sem convocação prévia, para participar daquela que se tornaria a maior manifestação desde retorno à democracia.
Como resultado, as mobilizações de 2019, que tiveram como saldo mais de 30 mortos e acusações internacionais de violações dos direitos humanos durante a repressão das forças de segurança, levaram à convocação de um plebiscito para modificar a Constituição. Um ano depois, em 25 de outubro de 2020, 78% dos eleitores votaram a favor da elaboração de uma nova Carta Magna.
"O Chile mostra alguns avanços, mas deve aprofundar seus esforços para abordar as violações e abusos cometidos" em 2019, lembrou nesta segunda-feira o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) em comunicado.
A agência realizou uma missão técnica em novembro de 2019 e elaborou um relatório para acompanhar a implementação de suas recomendações.
Para Jan Jarab, representante do Acnudh na América do Sul, apesar dos esforços do Chile, "persistem obstáculos no aceso das vítimas à Justiça, reparação e garantias de não repetição, entre outros direitos fundamentais". Além disso, ele lembra que o direito de reunião pacífica segue sendo regulado por um decreto da época da ditadura.
Após o plebiscito, a população chilena elegeu os 155 membros da Assembleia Constituinte, que começaram a realizar as sessões, em julho deste ano, para redigir a nova Carta Magna. Por sua vez, o texto que resultar deste processo deverá ser aprovado pela população em uma nova consulta.
"Há dois anos, mais de um milhão de pessoas marcharam pacificamente para exigir o fim da desigualdade. Há um ano, pela primeira vez em nossa história, se preguntou à população se queria ou não uma nova Constituição. Hoje, estamos mudando o rumo do Chile", escreveu nas redes sociais o escritor chileno Jorge Baradit, um dos integrantes da Assembleia.
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