Alejandra Pérez, membro independente da Convenção Constituinte do Chile, fez um discurso emocionado nesta sexta-feira (22) sobre os obstáculos que prevê no debate sobre o acesso à saúde pública em seu país, com o torso nu, mostrando a dupla mastectomia que realizou para sobreviver a um câncer de mama.
Pérez, uma dona de casa de 43 anos e mãe de três filhos, subiu à tribuna do palácio do antigo congresso de Santiago com uma mensagem escrita em sua pele: "Até que valha a pena viver!"
“A tarefa que temos pela frente terá dezenas de obstáculos, colidirá com centenas de interesses, (será preciso) enfrentar aqueles que não querem perder sua cota de privilégios, mas nada desanimará”, disse Pérez em sua manifestação apaixonada, com os cabelos tingidos de lilás.
Pérez participou ativamente dos protestos ocorridos na Plaza Italia da capital chilena, rebatizada de Plaza Dignidad após a explosão social de 18 de outubro de 2019, que colocou em evidência as desigualdades sociais no Chile.
Essas manifestações impulsionaram a criação da Convenção Constituinte, que redigirá uma nova Carta Magna em substituição àquela herdada da ditadura de Augusto Pinochet.
“Senti culpa desde o diagnóstico: culpa por poder me curar, culpa por poder ter uma cama, medicamentos e horas de atendimento, culpa por quem não tem dinheiro para uma mamografia, culpa por estar na rede particular de saúde. Por que devo me sentir culpada, se todos deveríamos ter direito à saúde?”, questionou Pérez.
Em entrevista à AFP em julho, a constituinte disse que decidiu concorrer para fazer parte da Convenção Constitucional com o intuito de melhorar o país, enfatizando o acesso à saúde pública. Ela contou que conseguiu tratar seu câncer de mama no sistema privado de saúde chileno, que é melhor do que o público, mas muito mais caro.
A Convenção Constituinte foi inaugurada em 4 de julho e por 100 dias implementou seu regimento interno. Na última segunda-feira, começou a tratar das questões de fundo dos artigos da nova Constituição.
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